Teri Garr, atriz indicada ao Oscar e conhecida por seu trabalho em filmes como “O Jovem Frankenstein”, “Tootsie” e “Profissão Doméstico”, morreu, de acordo com seu empresário. Ela tinha 79 anos.
Garr faleceu nesta terça-feira (29) em Los Angeles, mais de vinte anos após ter sido diagnosticada com esclerose múltipla, informou seu empresário Marc Gurvitz à CNN.
Ela compartilhou publicamente seu diagnóstico pela primeira vez em uma entrevista à CNN em 2002, numa tentativa de aumentar a conscientização para outras pessoas que vivem com esclerose múltipla.
“Acho que todo mundo fica assustado e com medo quando ouve algo assim”, lembrou Garr sobre a descoberta de seu diagnóstico, depois de visitar 11 médicos e passar anos com sintomas que eles não conseguiam explicar.
“Isso porque há muita — você sabe, não há muita informação sobre isso. E muita gente não sabe que não é tão ruim. Quero dizer, estou continuando com a minha vida.”
Filha de uma artista da Broadway e de uma Rockette, Garr estudou dança enquanto crescia e começou a fazer testes logo depois de terminar o ensino médio em Los Angeles. Seus primeiros trabalhos incluíram dançar e aparecer como figurante em filmes como “Viva Las Vegas”, de Elvis Presley.
“Finalmente perguntei a mim mesma: Por que eu não estou na frente?”, refletiu Garr mais tarde. “Eu não estudei todos esses anos para ficar no fundo e não ganhar nada.”
A década de 1970 foi um período prolífico para Garr, que apareceu em vários episódios de séries de comédia como “The Sonny and Cher Comedy Hour”, “The New Dick Van Dyke Show”, “Um Estranho Casal” e “The Bob Newhart Show”, entre muitas outras.
Seu grande destaque veio em 1974, quando estrelou como Inga na comédia de sucesso dirigida por Mel Brooks, “O Jovem Frankenstein”, ao lado de Gene Wilder, Madeline Kahn e Marty Feldman.
Dois anos depois, Garr apareceu em um de seus papéis mais memoráveis, interpretando Ronnie Neary, uma esposa tentando entender a inexplicável obsessão do marido (Richard Dreyfuss) após um encontro alienígena, no épico de ficção científica de Steven Spielberg, “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”, de 1977.
Em “Tootsie”, Garr interpretou uma atriz lutadora e desafortunada que namorava o protagonista de Dustin Hoffman, que, por sua vez, atinge grande fama ao se passar por mulher em uma novela. O papel rendeu a Garr uma indicação ao Oscar de “Melhor Atriz Coadjuvante” em 1983.
“Eu estava orgulhosa”, escreveu Garr sobre a indicação em suas memórias de 2005, “Speedbumps: Flooring it Through Hollywood”. “A Academia não só sabia que eu existia, mas achou que eu era boa!”
Ainda em 1983, interpretou a executiva de publicidade Caroline Butler na comédia familiar “Profissão Doméstico”, ao lado de Michael Keaton.
Em uma entrevista de 2012, Garr disse não se surpreender que dois de seus papéis mais memoráveis lidassem com a quebra de estereótipos sobre normas de gênero.
“Me incomoda quando escrevem o papel de uma mulher como uma femme fatale sexy que seduz as pessoas para conseguir o que quer, perpetuando o mito de que é assim que as mulheres devem agir, em vez de usarem sua inteligência ou seu humor”, refletiu Garr.
A carreira de Teri Garr continuou com mais trabalhos no cinema e na TV. Durante os anos 90, ela apareceu em “Good & Evil” (1991), “Good Advice” (1994) e “Women of the House” (1995).
Garr era conhecida por seu timing cômico levemente excêntrico, o que a tornava perfeita para interpretar a mãe de Phoebe Buffay, personagem de Lisa Kudrow, em “Friends”. Ela apareceu em três episódios ao longo das temporadas três e quatro.
Nos anos 2000, Garr fez participações em séries como “Felicity”, “Plantão Médico” e “Bom Dia, Bonnie”. Ela também se aventurou na dublagem, dando voz a Mary McGinnis na série animada “Batman do Futuro” e a Sandy Gordon na animação “O Que Há de Novo, Scooby-Doo?”, de 2003.
Seu último trabalho foi em 2011, na série “How to Marry a Billionaire”.
Ao longo de sua vida, Garr foi uma defensora ativa das pessoas que vivem com esclerose múltipla (EM).
“Acho que algumas pessoas querem que você fique para baixo. Não só não estou para baixo, como estou bem. Não vejo lucro em ficar triste, não acho que isso leve a algum lugar”, refletiu em uma entrevista sobre o otimismo que sempre manteve.
“Talvez isso tenha a ver com meu histórico no showbiz. Sempre te dizem que você não é certa para algo, não é alta o suficiente, bonita o suficiente, o que seja. Eu sempre dizia, ‘Mas eu sou inteligente, sou talentosa, sou isso, sou aquilo!’ Sempre consegui fazer isso, e faço o mesmo agora com a EM.”
“Eu sempre fui uma pessoa determinada”, acrescentou.
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