Um modelo computacional detalha de forma inédita o tentáculo dos polvos, sendo capaz de replicar seus movimentos complexos e precisos, algo que pode ser revolucionário para a robótica. Criada por cientistas da Universidade de Illinois Urbana-Champaign, nos Estados Unidos, a tecnologia abre novas possibilidades para o desenvolvimento de robôs mais ágeis e flexíveis, baseados em uma tecnologia suave, com destreza avançada.
O trabalho foi liderado pelo professor Mattia Gazzola, que estuda os polvos desde a década de 1980. A habilidade de manipular objetos com extrema precisão faz desses animais um dos mais fascinantes para os cientistas. Um detalhe especial desses moluscos da classe Cephalopoda é que cada um dos oito tentáculos possui um “mini-cérebro” próprio e funciona de forma independente, sem um cérebro central. E isso torna a replicação dos movimentos deles ainda mais desafiadora.
Para criar o modelo, os pesquisadores combinaram diversas fontes de dados, incluindo ressonâncias magnéticas, análises histológicas e biomecânicas, observando como os polvos usam seus tentáculos para agarrar e manipular objetos. A partir dessas observações, eles identificaram duas principais características dos movimentos: a capacidade de contorcer e torcer os braços, controladas por diferentes grupos musculares.
Isso gerou uma nova forma de modelagem 3D dos movimentos de um tentáculo, que possui quase 200 músculos interconectados. Para o futuro, os cientistas planejam transformar o modelo computacional em um protótipo físico, que poderá aprender e realizar tarefas de forma independente.
A pesquisa, publicada no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, é um passo importante para a biotecnologia e a robótica, permitindo que os engenheiros se inspirem na natureza para criar dispositivos mais eficientes. Como destaca Arman Tekinalp, coautor do estudo, “aprender com os animais e traduzir esses insights para o design robótico suave é algo extremamente interessante e promissor”.
Via New Atlas