domingo, novembro 24, 2024
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Misteriosa ‘cordilheira netuniana’ pode esconder exoplanetas

Astrônomos descobriram uma nova característica na distribuição de exoplanetas que pode ajudar a entender como esses corpos se formam perto de suas estrelas. 

Uma equipe formada por cientistas da Universidade de Genebra e do grupo Planetas do Centro Nacional de Competência em Pesquisa (NCCR), na Suíça, junto com pesquisadores do Centro de Astrobiologia (CAB) da Espanha, identificou a “cordilheira netuniana”. 

Essa estrutura fica entre duas regiões conhecidas: o “deserto netuniano”, onde há poucos planetas do tamanho de Netuno, e a “savana netuniana”, onde esses planetas são abundantes, mas em órbitas mais distantes.

O chamado deserto netuniano sempre intrigou cientistas por apontar peculiaridades nos sistemas planetários. Em um comunicado, Vincent Bourrier, professor assistente da Universidade de Genebra e coautor do estudo, disse que a cordilheira indica uma transição entre o deserto e a savana. “Ela marca uma região crítica onde alguns planetas migraram para mais perto de suas estrelas, resistindo à intensa radiação”.

Representaão artística da ‘cordilheira’ entre o deserto e a savana netunianos, regiões com baixa e alta concentrações de exoplanetas Netunos quentes, respectivamente. Crédito: Elsa Bersier – CFPArts / ESBDi Genève

Mais de seis mil exoplanetas já foram descobertos

Essa descoberta, publicada esta semana na revista Astronomy & Astrophysics, ajuda a esclarecer o enigma do deserto netuniano. Nessa região, planetas do tamanho de Netuno, chamados de “Netunos quentes”, são ausentes. Isso pode ocorrer porque a radiação estelar remove suas atmosferas, encolhendo-os. Já na savana netuniana, mais distante, esses planetas mantêm suas atmosferas e suas características físicas.

Desde a descoberta do primeiro mundo fora do Sistema Solar, na década de 1990, mais de seis mil exoplanetas foram identificados. Eles variam em tamanho, massa e distância em relação às suas estrelas. Para facilitar o entendimento, são classificados em grupos, como “super-Júpiteres” (maiores que Júpiter) ou “super-Terras” (mais massivos que a Terra). O termo “quente” descreve planetas que orbitam muito perto de suas estrelas.

A distribuição de exoplanetas revelou padrões curiosos. Um deles é a ausência de Netunos quentes. Os cientistas acreditam que esses planetas perdem suas atmosferas ao chegar perto de suas estrelas, deixando de ser classificados como Netunos.

Já na savana netuniana, mais distante das estrelas, os planetas mantêm suas atmosferas. Acredita-se que esses corpos planetários migrem de órbitas mais distantes para regiões mais próximas de suas estrelas, onde eventualmente perdem suas atmosferas.

Representação artística da atmosfera de um Netuno quente sendo arrancada pela radiação da estrela hospedeira. Crédito: NASA/CXC/M.Weiss

Para entender a origem dessas regiões, a equipe de Bourrier analisou dados do telescópio espacial Kepler, da NASA. Eles mapearam as áreas do deserto e da savana netunianos e descobriram a cordilheira netuniana – uma região com períodos orbitais entre 3,2 e 5,7 dias terrestres que revela processos complexos de migração de planetas netunianos.

A cordilheira sugere que alguns são puxados para mais perto de suas estrelas por um processo chamado “migração de alta excentricidade”. Isso permite que esses planetas resistam à radiação estelar e preservem parte de suas atmosferas.

Esses processos de migração e a fotoevaporação das atmosferas explicam a distribuição dos planetas nas regiões do deserto, da savana e da cordilheira netuniana. Para aprofundar essa pesquisa, a equipe usará o Very Large Telescope (VLT) e o espectrógrafo ESPRESSO, o que permitirá uma análise detalhada da orientação de planetas Netunos quentes.

Via Olhar Digital

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