Os astrônomos estão planejando uma futura missão espacial para identificar vida em planetas rochosos de estrelas próximas. Para verificar se a ferramenta irá funcionar, a tecnologia foi testada no único lugar onde sabemos que existe vida… a Terra.
A missão é chamada de Large Interferometer for Exoplanets, ou LIFE, e pretende combinar observações de cinco satélites para fazer o que nem mesmo o Telescópio Espacial James Webb consegue, encontrar evidências biológicas em exoplanetas rochosos.
Os satélites serão posicionados no ponto de Lagrange L2, assim como o James Webb, e irão usar uma técnica chamada interferometria para combinar as observações de cada um e funcionar como se fosse um único telescópio. Essa combinação permite extrair informações que nem mesmo os maiores telescópios atuais conseguem.
O LIFE não é capaz de fazer todas as coisas que um telescópio maior pode, mas isso não importa muito neste caso, visto que ele tem como objetivo apenas detectar espectros de luz de químicos que sugerem vida nos exoplanetas.
O grande desafio da missão, é seu custo estimado em bilhões de dólares. Então, antes de sair gastando todo esse dinheiro, Sascha Quanz, líder do estudo, e outros três pesquisadores, fizeram observações da Terra utilizando o Sondador Infravermelho Atmosférico, um equipamento acoplado ao satélite Aqua da NASA. O espectro explorado da Terra foi o infravermelho médio, o mesmo que o LIFE irá observar.
E se a Terra fosse alvo de estudo da missão?
No estudo publicado no The Astronomical Journal, os pesquisadores olharam para Terra, como se ela estivesse sendo vista a partir de outro sistema estelar. Assim, mesmo que o Aqua esteja muito perto do planeta, os astrônomos usaram dados equivalentes em tamanho à quantidade de radiação que um telescópio recolheria a grandes distâncias.
- De longe, a visão seria de um pontinho azul onde não seria possível distinguir entre oceanos e continentes, assim o espectro observado seria uma média geral da Terra;
- Seria necessário muito tempo fazendo observações para obter algo útil, assim o espectro também seria calculado ao longo do tempo;
- Também não sabemos de que ângulo a Terra seria vista, então foram consideradas perspectivas do planeta visto a partir do Pólo Norte, da Antártica e duas visões equatoriais.
A partir disso, os pesquisadores concluíram que a missão LIFE seria capaz de detectar dióxido de carbono, ozônio e metano na atmosfera da Terra, a distância de pelo menos 33 anos-luz, em qualquer uma das perspectivas.
O dióxido de carbono pode ser encontrado na atmosfera de planetas sem vida. O metano, apesar de ser em maioria produzido por organismos vivos, também pode ter origens não biológicas. Por fim, não existiria ozônio aqui se a atmosfera não fosse constantemente abastecida com oxigênio por algas e plantas, mas isso também não prova nada. No entanto, esses gases e a água combinados são um forte indício de que o planeta é habitado por alguma coisa, mesmo que por seres unicelulares.
Assim, caso a missão LIFE seja realmente lançada, é bem provável que ele consiga encontrar vida em planetas próximos se ela existir.