O módulo de pouso lunar comercial Peregrine, da Astrobotic Technology de Pittsburgh, lançado no dia 8 de janeiro, pretendia ser a primeira espaçonave americana, em mais de 50 anos, a pousar suavemente na Lua, o que aconteceria em 23 de fevereiro. No entanto, devido a problemas em uma válvula defeituosa, a missão nunca encontrará seu destino, junto dela, nenhuma das cargas que ela carregava, como o Iris.
A missão Iris
O Iris é um veículo espacial lunar do tamanho de uma caixa de sapato projetado por alunos da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh. Os estudantes do projeto usaram as férias de inverno para ir até a Flórida e acompanhar o lançamento, mas o que era para ser uma viagem de comemoração, acabou sendo alguns dias em uma casa alugada pensando como salvar uma missão condenada. As informações são de uma reportagem do The New York Times.
O desenvolvimento do projeto começou em 2018, quando o professor de robótica da Carnegie Mellon e fundador da Astrobotic Technology, Red Whittaker, deu aos seus alunos a missão de desenvolver um pequeno veículo lunar. Apesar de atualmente ele não estar mais na empresa espacial privada, quando percebeu que a Astrobotic havia se tornado uma prestadora de serviços de entrega à Lua, viu a possibilidade da missão lunar dos seus estudantes realmente chegar até o satélite.
Muitas turmas de alunos ajudaram a conceber e revisar os projetos e depois a construir e testar o veículo e até então tudo parecia certo para a chegada do Iris à Lua a bordo do módulo Peregrine.
A viagem para Flórida
O lançamento do módulo lunar Peregrine e junto dele, o Iris, reuniu cerca de 30 pessoas em uma casa na Flórida, que incluía estudantes e ex-estudantes que trabalharam no desenvolvimento do veículo espacial. O roteiro de viagem envolvia acompanhar o lançamento no Complexo de Lançamento Espacial 41 do Cabo Canaveral e depois aproveitar o local.
- A ideia era ficar na casa por cerca de 4 dias, para caso o lançamento fosse atrasado devido ao mau tempo ou problemas técnicos;
- Quando, o Iris pousasse na lua, no dia 23 de fevereiro, as férias já teriam acabado, e os estudantes já estariam de volta a Carnegie Mellon;
- Por lá, eles conciliaram as aulas de primavera com o controle da missão em uma instalação que a universidade construiu.
De início tudo parecia certo, o Peregrine decolou no dia 8 de janeiro as 4h18 do horário de Brasília, a bordo do foguete Vulcan, da United Launch Alliance, separando do estágio superior dele cerca de uma hora depois. No entanto, logo após isso, a Astrobotic anunciou no X que a missão havia sofrido uma anomalia que impossibilitava que o módulo chegasse até a Lua.
Depois disso, a casa alugada se tornou um local de operações. Por razões de segurança, nem todas as pessoas por trás da missão Iris não tinham acesso direto ao veículo. Mas a tripulação reduzida da Carnegie Mellon serviu como intermediária entre os gerentes da Peregrine e na sede da Astrobotic em Pittsburgh e os estudantes na casa na Flórida.
Após alguns dias de missão, a equipe começou a ativar os sistemas do Iris, como seu computador e as comunicações bidirecionais, programadas para serem ligadas apenas na Lua. Quando a estadia na casa acabou, os estudantes voltaram para Pittsburgh para o restante da missão.
No dia 18 de janeiro, ela foi encerrada, quando o módulo Peregrine fez uma reentrada ardente na atmosfera.
Apesar de não haver outra missão Iris, os estudantes da Universidade Carnegie Mellon seguirão trabalhando em outros projetos para a Lua, como o MoonRanger, outro veículo espacial, dessa vez um pouco maior, que procurará por sinais de água próximo ao polo sul lunar.