domingo, junho 8, 2025
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Ministro da CGU evita respostas diretas sobre escândalo no INSS

À frente da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius Carvalho tem enfrentado críticas dentro do próprio governo Lula desde a operação que revelou fraudes no INSS, deflagrada em parceria com a Polícia Federal. Um dos principais questionamentos partiu do ministro da Casa Civil, Rui Costa, que atribuiu a crise à ausência de alertas ao então ministro da Previdência, Carlos Lupi, que deixou o cargo em meio ao escândalo. 

Ao ser questionado sobre a condução do caso, em entrevista ao jornal O Globo, Carvalho evitou responder diretamente se houve falhas e limitou-se a afirmar que sua missão, dada por Lula, era ser “intolerante com fraudes, desvios e corrupção”. 

Segundo o chefe da CGU, havia três opções diante das irregularidades: ignorar o problema, tomar medidas superficiais, ou investigar e punir os responsáveis. Ele afirma ter escolhido a terceira alternativa.

Lula e o ministro da CGU Vinícius Marques Carvalho
Lula e o ministro da CGU Vinícius Marques Carvalho | Foto: Agência Brasil/Marcelo Camargo

Sobre a acusação de que não alertou o ministro Lupi, o chefe da CGU argumentou que houve reuniões com secretários da Previdência e que todos estavam cientes da auditoria em curso, incluindo o Tribunal de Contas da União. “O Tribunal de Contas da União já tinha tomado decisão. Todo mundo sabia do problema e que a CGU estava fazendo auditoria.”

Carvalho disse ao O Globo que “a informação de que as pessoas não sabiam não procede” e que a CGU tem 600 auditorias por ano. “Em algumas situações, detectamos fraude, e a equipe vai à PF. Foram 739 operações feitas com a PF nos últimos 20 anos. Isso não é novidade para ninguém.”

Quando indagado sobre sua relação com Rui Costa depois dos atritos públicos, Carvalho esquivou-se de um posicionamento direto e disse nunca ter tido problemas com o colega. Ele limitou-se a afirmar que ambos gostariam que o problema tivesse sido detectado antes. 

Rui Costa, ministro de Lula, critica Campos Neto por alta do dólar
Presidente Lula e ministro Rui Costa, da Casa Civil | Foto: Ton Molina/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Chefe da CGU culpa governo Bolsonaro por fraude nas aposentadorias

Vinicius de Carvalho disse ainda que os acordos de cooperação técnica que serviram de base para as fraudes foram firmados entre 2021 e 2022, no governo Bolsonaro, o que justificaria, segundo ele, o aumento dos descontos só ter ocorrido em 2023, já sob o governo atual.

Os valores descontados dos benefícios do INSS explodiram em 2023, no primeiro ano do governo Lula. “Se monto um esquema em 2021 e 2022, em que ano que os descontos iam estourar? Em 2023”, disse o chefe da CGU, sem dar detalhes do esquema ao qual se referiu. 

Questionado sobre possíveis favorecimentos a entidades próximas ao governo, como a Contag e a Conafer — que ficaram de fora de pedidos de bloqueio de recursos, mesmo depois de serem citadas na investigação — o ministro negou haver seletividade. Afirmou que o bloqueio foi direcionado às entidades já alvos de processos de responsabilização pela Lei Anticorrupção.

José Ferreira da Silva, o “Frei Chico”, irmão de Lula, é o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi)
José Ferreira da Silva, o “Frei Chico”, irmão de Lula, é o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) | Foto: Reprodução/Redes Sociais

“Todas as entidades que tiverem fraudado os descontos ou praticado algum ato de corrupção serão responsabilizadas”, afirmou na entrevista. “Se amanhã aparecer indício, por meio de quebra de sigilo ou relatório de informação financeira, de que a Contag pagou propina, te garanto que o processo será aberto no dia seguinte.”

O jornal questionou Carvalho sobre a ineficiência da CGU em garantir a promessa de Lula sobre aumentar a transparência dos dados públicos. O ministro respondeu que “nada justifica um sigilo de 100 anos”. No entanto, o Ministério da Gestão restringiu acesso a 16 milhões de documentos sobre convênios de obras, repasses e emendas.

“Existe uma preocupação dos servidores de serem responsabilizados pela divulgação de eventuais dados pessoais sensíveis”, justificou o chefe da CGU. “Acho que é uma questão de você ser transparente em relação ao problema. Nessa questão que você mencionou, o erro foi corrigido. Não temos compromisso com o erro.”

Via Revista Oeste

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