O Ministério da Saúde decidiu esconder os dados sobre mortes e doenças entre os ianomâmis desde fevereiro deste ano. O último boletim disponível contém informações de dezembro de 2023. A reportagem é do jornal O Estado de S. Paulo e foi publicada nesta segunda-feira, 29.
Além disso, o governo não tem respondido às solicitações feitas pela imprensa via Lei de Acesso à Informação (LAI), referentes à situação na região.
O ministério informou que divulgará em breve um balanço com dados atualizados sobre os ianomâmis.
Crise de mortalidade entre os ianomâmis e resposta do governo
No boletim de fevereiro, o ministério reportou 363 mortes em 2023, comparadas a 343 em 2022. À época, a pasta afirmou que a busca ativa por casos de doenças e mortes havia sido intensificada, “o que resultou em um aumento das notificações”.
Esse dado gerou uma crise e levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a repreender publicamente a ministra da Saúde, Nísia Trindade. O petista criticou não apenas os resultados da força-tarefa, mas o fato de que os dados de mortalidade foram revelados pela imprensa via LAI.
Ministério da Saúde não responde aos pedidos de informações
Atualmente, o Ministério da Saúde não tem respondido nem mesmo aos pedidos de informações submetidos por lei de acesso. Uma das solicitações foi negada com a justificativa de que os dados estão “em tratamento e serão divulgados depois de sua conclusão”.
Ainda de acordo com o Estadão, foi solicitado ao governo federal dados atualizados sobre o número de mortes no território Yanomami. Entretanto, a pasta forneceu apenas informações sobre os casos de malária.
Os números mostram um aumento na incidência da doença, de 14,5 mil casos no primeiro semestre de 2023 para 17,3 mil no mesmo período de 2024. Ou seja, um aumento de aproximadamente 20%.
No entanto, o número de testes realizados cresceu de 78,7 mil para 128,6 mil — um crescimento de 63%. “O aumento na realização de exames explica a maior identificação do número de casos de malária”, afirmou o governo, em nota.