sexta-feira, setembro 20, 2024
InícioEconomiaMicro e pequenas empresas enfrentam aumento da inadimplência

Micro e pequenas empresas enfrentam aumento da inadimplência

O microempresário Leonardo Gomes e seu sócio enfrentam, desde 2019, uma dívida crescente iniciada com um empréstimo de R$ 30 mil e agravada pela taxa básica de juros de 13,75% ao ano. A dívida inicial, que se arrastou por três anos, saltou para R$ 90 mil com a inadimplência.

Com a inadimplência, a loja Caixote Móveis fechou as portas em julho, mas segue operando para quitar as dívidas, que incluem ex-funcionários, fornecedores, aluguel, impostos e serviços básicos, totalizando R$ 70 mil adicionais.

Em junho, cerca de 6,5 milhões de micro e pequenas empresas estavam com dívidas negativadas, um aumento de 300 mil negócios em comparação ao mesmo mês de 2023. O valor total das dívidas chegou a R$ 125,7 bilhões, o mais alto desde o início da série histórica em 2016. Esses dados são do Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian, obtidos pelo jornal Folha de S.Paulo.

O setor de serviços é o mais afetado, representando 55,8% das empresas inadimplentes, seguido pelo comércio (35,7%), indústria (7,4%), setor primário (0,8%) e outros (0,4%). Os principais credores são bancos, empresas de cartão de crédito e fornecedores de serviços básicos como água, luz e gás.

Segundo o economista da Serasa Experian, Luís Rabi, três fatores principais explicam a situação das micro e pequenas empresas:

  • Inadimplência dos consumidores
  • Fraco crescimento econômico
  • Alta taxa de juros.

Ele destaca a dificuldade dos pequenos empresários para refinanciar ou renegociar dívidas, o que agrava a inadimplência. “É importante tentar manter essas empresas vivas, para gerarem empregos”, afirmou Rabi. “Evitar o estado de insolvência. A solução é negociar, seja com credores, seja na Justiça.”

Indicador de inadimplência deve melhorar

A Serasa projeta uma melhora no indicador de inadimplência durante o segundo semestre, mesmo sem novas reduções na taxa de juros, devido à queda da inadimplência do consumidor.

Especialistas em falência e recuperação judicial afirmam que não há um parâmetro fixo para determinar quando uma dívida pode levar ao fechamento de uma empresa, pois depende de variáveis como ramo de atividade, capital e bens da empresa. A recomendação é negociar as dívidas rapidamente, antes de entrar em insolvência.

De acordo com o advogado Elias Mubarak Junior, pequenos empresários frequentemente têm menos informações sobre como evitar falências, mas a legislação oferece ferramentas para negociação.

Em maio, o governo federal lançou o programa Desenrola Pequenos Negócios, que até 23 de julho já havia negociado R$ 2,4 bilhões em dívidas, beneficiando mais de 52 mil empresas com 76 mil contratos. O programa está aberto para adesão até 31 de dezembro de 2024.

Leonardo Gomes ainda tem alguns meses para terminar de pagar a renegociação do empréstimo inicial, mas as demais dívidas podem levar de três a quatro anos para serem quitadas.

“Estou refém da dívida”, afirmou. “Meu desafio agora é tentar reduzir o máximo possível o prazo de pagamento e rastejar financeiramente por menos tempo. Assim que conseguir pagar, pretendo fechar.” Gomes, que tinha cinco funcionários, ainda não decidiu se abrirá outra empresa no futuro.

Via Revista Oeste

MAIS DO AUTOR

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui