sexta-feira, setembro 20, 2024
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Mercosul muda o tom sobre suposta tentativa de golpe na Bolívia

O comunicado final da Cúpula de Líderes do Mercosul, realizada nesta segunda-feira 8, amenizou o tom ao tratar da suposta tentativa de golpe na Bolívia. Também houve divergências sobre outros pontos, como o acordo com a União Europeia e o comércio com a China.

No caso da Bolívia, que em 30 dias passa a ser considerado membro pleno do Mercosul, o comunicado final adotou um tom mais leve do que a declaração feita logo depois de o presidente Luis Arce denunciar a tentativa de golpe.

Ao abordar o principal fato político da região nos últimos dias, os países usaram termos mais genéricos, menos enfáticos e não repetiram manifestação de solidariedade com o presidente Luis Arce, presente na plenária.

A palavra “golpe”, assim como a ocorrência específica na Bolívia, não aparece no comunicado oficial.

“Reiteramos que toda tentativa de afetar instituições democráticas ou afetar a ordem constitucional na Bolívia deve ser condenada. O estado de direito e o apego às instituições democráticas devem ser sempre apoiados”, expressa o comunicado conjunto.

Mercosul mudou o tom depois de denúncia de que tentativa de golpe foi autogolpe de Arce

Luis Arce, durante Cúpula do Mercosul, em 8-7-2024
Presidente da Bolívia, Luis Arce, durante Cúpula do Mercosul, em 8 de julho | Foto: Divulgação/Mercosul

O tom é diferente do adotado logo depois da quartelada, ocorrida em 26 de junho. Um dia depois, o Mercosul manifestava “profunda preocupação e enérgica condenação às mobilizações de algumas unidades do Exército boliviano, que visam a desestabilizar o governo democrático do Estado Plurinacional da Bolívia”.

Os países rejeitaram, naquela ocasião, “qualquer tentativa de mudança de poder por meio da violência e de forma inconstitucional que atente contra a vontade popular”. E ainda expressaram “solidariedade e irrestrito apoio à institucionalidade democrática do governo constitucional do presidente Luis Arce”.

Entre o comunicado anterior e o atual, um fato veio a público. O presidente Arce foi acusado pelo general Juan José Zúñiga, que liderou a quartelada e acabou preso, de encomendar um autogolpe.

Até mesmo um dos aliados mais importantes de Arce — Evo Morales — também denunciou a situação de 26 de junho como um autogolpe, ou seja, uma fraude arquitetada pelo presidente para ganhar popularidade.

Essa tese de fraude foi apoiada pela Argentina. O presidente Javier Milei criticou veemente a situação no país vizinho. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, aliado de Arce, continua tratando o caso como uma real tentativa de golpe.

“Lamentamos declarações infundadas e pouco sérias sobre um suposto autogolpe, quando se tratava de um clássico golpe de Estado”, respondeu o presidente boliviano, ao discursar na cúpula do Mercosul.

Todas as delegações abordaram o fato ocorrido na Bolívia, ainda que indiretamente, durante a plenária presidencial e de forma distinta.


Redação Oeste, com informações da Agência Estado

Via Revista Oeste

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