O mercado reagiu de forma pessimista em relação ao potencial do pacote de redução de gastos anunciado pelo governo nesta quarta-feira, 27. Pela previsão do governo, as medidas irão gerar uma economia de R$ 71,9 bilhões, sendo R$ 30,6 bilhões em 2025 e R$ 41,3 bilhões em 2026.
Relatório XP Research destacou como principais medidas a mudança na regra do salário-mínimo; abono salarial; acesso ao benefício BPC/LOAS; a relativa às emendas parlamentares; Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb, que terá maiores gastos) e pensões militares.
“Estimamos que as iniciativas anunciadas totalizem R$ 43 bilhões em contenção de gastos até 2026, abaixo dos cálculos oficiais de [cerca de] R$ 70 bilhões”, declarou o relatório.
O orçamento do Ministério da Educação terá retirados R$ 42,3 bilhões, nos próximos cinco anos. O Fundeb, cujos recursos majoritários vêm dos Estados, municípios e Distrito Federal, terá de arcar com maiores gastos no setor.
A XP ressaltou, ainda, que o anúncio da proposta de isenção do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) para salários de até R$ 5 mil (com medidas de compensação) adicionou incertezas no debate fiscal.
“Com isso, os ativos financeiros apresentaram piora adicional”, ressaltou a instituição, referindo-se à forte alta do dólar, que nesta sexta-feira, 29, continua sendo negociado a valores acima dos R$ 6,00, valor alcançado pela primeira vez na história nesta quinta-feira. O Ibovespa também opera em baixa.
Incerteza adicional no mercado
O Itaú BBA, segundo relata o Money Times, também espera redução menor do que a prevista pelo governo. O banco considera que o potencial do pacote é de economizar R$ 53 bilhões em dois anos – R$ 23 bilhões em 2025 e R$ 31 bilhões em 2026.
“O pacote traz mais medidas de ganho de flexibilidade orçamentária (R$ 17 bilhões) do que de redução efetiva de gastos (R$ 14 bilhões), sendo uma incerteza adicional quanto à capacidade de transformar o ganho de flexibilidade em cortes efetivos, que tendem a ser necessários à frente”, relata a instituição.
Na apuração do Money Times, a Warren Investimentos espera uma contenção de R$ 45,1 bilhões, com R$ 19,2 bilhões em 2025 e R$ 25,9 bilhões em 2026.
O Santander considera que o corte tende a girar em torno dos R$ 40,3 bilhões – R$ 17,3 bilhões e R$ 23 bilhões em cada ano.