Uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro resultou na prisão de Marlon Brandon Coelho Couto, conhecido como MC Poze do Rodo, durante a madrugada desta quinta-feira, 29.
O funkeiro e ex-traficante da facção criminosa Comando Vermelho (CV), investigado por apologia do crime e envolvimento com tráfico de drogas, foi detido em sua residência, localizada em um condomínio de alto padrão no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio.
Exclusivo: Vídeo mostra momento exato da prisão de MC Poze do Rodo no Rio pic.twitter.com/MATs6oOe43
— VTzeiros (@vtzeiross) May 29, 2025
Segundo a Delegacia de Repressão a Entorpecentes, Poze realiza apresentações apenas em comunidades controladas pelo CV, sempre com forte presença de traficantes armados.
Detalhes da investigação
De acordo com as investigações, essas apresentações contribuem para fortalecer o tráfico, sendo usadas como instrumento estratégico do Comando Vermelho para ampliar lucros e adquirir armas e drogas.
As investigações ganharam força depois que, em um baile funk na Cidade de Deus, vídeos mostraram quando traficantes assistem à apresentação de Poze portando fuzis. O evento antecedeu a morte do policial civil José Antônio Lourenço, da Coordenadoria de Recursos Especiais, durante uma operação na região.
Em entrevista coletiva, o secretário de Estado de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Filipe Curi, afirmou que MC Poze estaria inserido em uma estratégia da facção para atrair novos integrantes por meio da cultura.
Ele ressaltou que a polícia não tem intenção de atuar como censora, mas defendeu a necessidade de diferenciar o que é atuação artística e o que configura atividade criminosa.
“Isso acaba sendo uma massa de manobra do tráfico para cooptar adolescentes (…) Esse é um trabalho que não deveria ser feito pela polícia”, disse. “É um trabalho que deveria ser feito por outros atores, incompetentes e omissos, que responsabilizam a polícia por agir na consequência dessa omissão.”
Repertório de MC Poze faz alusão ao Comando Vermelho

O repertório do artista, conforme apontam os policiais, contém referências explícitas ao tráfico de drogas, à utilização ilegal de armas de fogo e ao Comando Vermelho. Além disso, incita confrontos entre facções criminosas rivais, o que pode colocar em risco pessoas inocentes.
A Polícia Civil afirma que as músicas ultrapassam os limites constitucionais de liberdade de expressão e artística, caracterizando crimes graves.
O advogado de MC Poze, Fernando Henrique Cardoso Neves, afirmou ao g1 que a defesa quer entender os motivos da nova prisão. “Essa é uma narrativa antiga”, disse. “Se ele não for solto, vamos entrar com um habeas corpus“, disse. Ao ser levado pela polícia, Poze não quis comentar a situação e apenas indagou o uso de algemas.
MC Poze já esteve envolvido em casos parecidos, como em 2020, no Jacaré, quando também foi flagrado com criminosos armados. Em novembro do ano passado, ele e a mulher, Viviane Noronha, foram alvo da Operação Rifa Limpa, que investigava sorteios ilegais nas redes sociais.
Na ação, a polícia apreendeu carros de luxo e joias, incluindo cordões de ouro. Depois, a Justiça mandou devolver os bens, alegando que não havia provas de ligação com crimes.