Entender a matéria escura segue sendo um dos grandes desafios da astronomia há décadas.
A matéria normal, feita de átomos que compõe tudo aquilo que conseguimos ver, desde nossas roupas até os planetas e estrelas, representa apenas 5% de tudo que existe no universo. O resto é composto de matéria escura (cerca de 27%) e energia escura (cerca de 68%) – dois componentes que a ciência ainda não consegue explicar, mas cuja existência pode ser comprovada pois eles exercem influência na matéria normal.
Até então, os cientistas consideravam que a matéria e energia escuras haviam sido criadas durante o Big Bang, assim como a matéria e energia normais. No entanto, uma nova tese – detalhada no artigo publicado no periódico Physical Review D em novembro – sugere que um segundo evento teria sido responsável por criar a matéria escura: um “Big Bang Escuro”.
“A suposição de que a matéria escura e a matéria regular se originaram no mesmo evento, o Big Bang, é natural, dada sua simplicidade. É por isso que ela permaneceu incontestada por tanto tempo. No entanto, a natureza não precisa ser parcimoniosa, obedecer à navalha de Occam ou a qualquer uma de nossas preferências estéticas”, falou Cosmin Ilie, pesquisador autor e professor assistente de física e astronomia da Colgate University, em entrevista ao portal Space.com.
A única maneira de detectar a matéria escura é através de sua interação com a gravidade, já que mesmo invisível, ela teria massa o suficiente para afetar a gravidade a seu redor e influenciar a matéria visível.
“Esse modelo poderia explicar por que todas as tentativas de detectar matéria escura, direta, indiretamente ou por meio da produção de partículas, falharam”, disse Ilie.
“O modelo padrão da física de partículas caracteriza as partículas que conhecemos e as forças que mediam suas interações. Quem pode dizer que a matéria escura – todas as partículas ainda não descobertas que compõem a maior parte do universo – não tem seu próprio conjunto complicado de partículas e interações?”, acrescentou o pesquisador.
Órbita de Marte poderia ajudar a explicar origem da matéria escura