Enquanto liderava o time no barulhento Emirates Stadium na noite de terça-feira (12), o capitão do Arsenal, Martin Ødegaard, carregava o peso da expectativa sobre os seus ombros.
Os Gunners precisavam de uma reviravolta após a derrota no jogo de ida contra o Porto para garantir a classificação às quartas de final da Champions League pela primeira vez em 14 anos — em um torneio que o Arsenal nunca conseguiu vencer.
Mas em meio a todo aquele barulho arrepiante que invadia o campo, o norueguês parecia o homem mais calmo do estádio.
Talvez tenha sido apropriado que a primeira coisa que Ødegaard viu ao sair do túnel antes do pontapé inicial fosse uma enorme faixa estendida no setor visitante que dizia “Nossa Casa” em português. Porque Ødegaard parece ter finalmente encontrado a sua casa no Arsenal.
Apesar da pressão, o meio-campista ria e brincava com as crianças que se alinhavam em frente aos jogadores antes do início da partida, fazendo o seu melhor para tranquilizá-los em meio à atmosfera turbulenta criada pelos fãs desesperados para verem a sua equipe progredir na principal competição da Europa.
Sua compostura era um sinal do que estava por vir. Em uma noite mágica para os fãs do Arsenal, Ødegaard teve mais uma atuação sensacional, provando mais uma vez ser a faísca criativa da equipe de Mikel Arteta.
O seu passe delicado nos momentos finais do primeiro tempo abriu a defesa do Porto e deu a Leandro Trossard a oportunidade perfeita para empatar o marcador no placar agregado.
Depois disso, foi Ødegaard quem impulsionou a equipe inglesa. A sua corrida incansável estabeleceu o padrão a ser seguido pelos companheiros e a sua visão com a bola se revelou uma ameaça constante à resiliência da defesa do Porto.
Mesmo quando os anfitriões pareciam cansados, Ødegaard orquestrava a torcida, implorando por mais apoio para seu time. Sem surpresa, o capitão do Arsenal foi o primeiro a bater na disputa por pênaltis, convertendo sua cobrança e depois comemorando ao bater no peito e mostrando o escudo do time na camisa.
Foi uma celebração que ele conseguiu repetir momentos depois, após o Porto ter falhado duas das suas tentativas, com o norueguês liderando a sua equipe em uma volta olímpica a redor do Emirates Stadium.
Desde que se tornou capitão em 2022, o craque se acostumou a carregar as esperanças do Arsenal. Junto com jogadores como a estrela local Bukayo Saka, o norueguês está ajudando a inaugurar uma nova era para o clube, que ainda luta para lidar com a saída do ex-técnico Arsene Wenger.
Ødegaard pode ter apenas 25 anos, mas ele faz história no futebol há mais de uma década.
O meio-campista talentoso tinha apenas 15 anos quando começou a atrair a atenção global, depois de se tornar o jogador mais jovem a jogar pelo seu clube, o Strømsgodset, e pela seleção norueguesa.
As suas atuações despertaram o interesse de alguns dos maiores clubes da Europa, com nomes como Manchester United e Liverpool entre os que manifestaram interesse em contratar o jovem talento precoce.
“No início, era surreal que todos esses clubes quisessem Martin, mas é estranho com o que você pode se acostumar”, disse seu pai, Hans Erik Ødegaard, à CNN em 2014. “Quase todos os principais clubes europeus têm entrado em contato”.
Fale agora com os fãs de futebol e eles provavelmente se lembrarão de ter ouvido falar de um jovem adolescente norueguês que foi amplamente apontado como a próxima estrela mundial e que, em 2015, acabou assinando um contrato com o Real Madrid.
A sua mudança para LALIGA deveria ser o primeiro passo na sua jornada rumo à grandeza, com o então jovem de 16 anos se mudando para a capital espanhola para aprender com os melhores, como o ex-meio-campista francês Zinedine Zidane, que era o técnico do time B do Real Madrid na época.
Anunciado como o futuro rei do Real, Ødegaard se tornou o jogador mais jovem do clube quando estreou em 2016, mas não teve sucesso. Preso atrás de lendas do clube como Luka Modrić, Toni Kroos e Casemiro, as oportunidades de Ødegaard na equipe principal foram severamente limitadas.
Assim, em busca de tempo de jogo regular, o adolescente passou por dois períodos de empréstimo na liga holandesa antes de uma temporada na Real Sociedad. Ele continuou a mostrar lampejos de seu talento, mas lutou para manter a consistência.
E então veio um empréstimo ao Arsenal em 2021. Dessa vez, parecia um ajuste perfeito. Procurando inaugurar uma nova era no clube do norte de Londres, o técnico Arteta assinou com Ødegaard um contrato permanente, em uma mudança que finalmente deu estabilidade ao craque.
Em muitos aspectos, parecia a última chance do meia de chegar ao topo do seu jogo, e ele a agarrou com as duas mãos.
Desde então, o norte de Londres se tornou o lugar onde finalmente seu potencial foi reconhecido, liderando o recente ressurgimento do Arsenal e produzindo performances de classe mundial.
“Desde muito jovem, ele tinha grandes expectativas”, disse o técnico do Arsenal, Arteta, sobre Ødegaard quando ele assinou uma prorrogação de contrato em 2023. “Martin é o jogador que é hoje com essa idade devido ao que ele passou nos últimos quatro ou cinco anos. É isso que faz o jogador e a pessoa que ele é hoje. Estamos muito felizes por ele ter encontrado seu lar”.
Além de ser o homem preferido de Arteta, o norueguês também se tornou um favorito dos fãs — com inúmeros Gooners vestindo orgulhosamente réplicas de camisas com seu nome nas costas.
“O espírito aqui em todo o clube é simplesmente inacreditável. É o melhor que já vi na minha vida como parte de uma equipe”, disse Ødegaard em um artigo na revista do clube antes da eliminatória contra o Porto.
“Temos algo especial com certeza, e isso também mostra em campo o quanto gostamos de jogar juntos”.
No entanto, se quiser igualar o nível estabelecido por alguns de seus antecessores no Arsenal, o atual capitão precisará erguer mais de um troféu importante durante sua passagem pelo clube. Muitos torcedores ainda esperam que isso aconteça nesta temporada, com os Gunners nas quartas de final da Champions League e uma disputa pelo título acirrada com seus rivais na Premier League, Manchester City e Liverpool.
É claro que ainda há dúvidas se essa jovem equipe do Arsenal tem o que é preciso para ganhar qualquer uma das competições. Poucos jogadores do elenco já ganharam um troféu importante e o técnico ainda é relativamente novo no grande palco.
Mas, em Ødegaard, o Arsenal finalmente tem um líder que parece determinado a levar a equipe ao sucesso. E, no Arsenal, Ødegaard finalmente tem um lugar para brilhar.
Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.
versão original