A ex-prefeita Marta Suplicy (sem partido) deixou o cargo de secretária de Relações Internacionais na Prefeitura de São Paulo, na última terça-feira (9), três anos após sua nomeação.
A decisão aconteceu após uma reunião com o prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Entenda, a seguir, os acontecimentos que levaram a sua saída da administração municipal.
Em 1º de janeiro de 2021, Marta foi nomeada pelo então prefeito Bruno Covas (PSDB) para a Secretaria de Relações Internacionais.
Aliada de Covas desde a campanha, a ex-prefeita foi uma das apostas do tucano para frear o crescimento de Guilherme Boulos (PSOL) na periferia da cidade no pleito de 2020.
Após a morte de Covas, em maio de 2021, Marta foi mantida no cargo por Nunes, que era vice-prefeito e assumiu a gestão. Ela deixou o cargo apenas agora.
Em sua carta de demissão, Marta disse que o cenário político da cidade “prenuncia uma nova conjuntura”.
“Como em outras passagens de minha vida pública, seguirei caminhos coerentes com minha trajetória, princípios e valores que nortearam toda a minha vida pública e que proporcionaram construir o legado que me trouxe até aqui”, prossegue.
A reunião de Marta com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o episódio que marcou a ruptura da ex-secretária com Nunes.
O prefeito tomou essa decisão, segundo fontes ouvidas pela CNN, porque estava acompanhando pela imprensa a aproximação da ex-prefeita com Lula e Guilherme Boulos, pré-candidato do PSOL ao Executivo municipal.
Em nota oficial, a prefeitura disse que “ficou decidido, em comum acordo, que ela [Marta] deixa as suas funções na Secretaria Municipal de Relações Internacionais”.
A saída de Marta da administração municipal abre caminho para que ela formalize o apoio a Boulos e participe de um evento de pré-campanha, que, segundo fontes do PT, deve ter a presença de Lula.
Até o momento, a ex-prefeita não se manifestou sobre o que fará na eleição municipal de 2024.
A possível volta de Marta ao PT está incomodando uma ala da sigla que até hoje não aceitou seu voto favorável ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Integrante do Diretório Nacional do PT, Valter Pomar, acusou Marta de traição e cobrou que a possibilidade de retorno vá à votação no partido.
“Senadora eleita pelo PT, Marta traiu seu eleitorado e seu Partido, votando a favor do golpe contra Dilma. Desconheço que ela tenha feito alguma autocrítica a respeito. E, em qualquer caso, não vejo porque trazer de volta para casa quem praticou tamanha violência”, divulgou em texto a outros petistas.
A manifestação pública representa o pensamento de uma ala do PT considerada anti-Marta Suplicy. Em 2016, Marta já integrava o MDB. Como senadora, apoiou o impeachment na votação que confirmou o afastamento definitivo de Dilma.
Por sua vez, os bolsonaristas disseram que Nunes errou ao não adotar uma postura firme diante da aproximação da ex-prefeita com Lula, que começou ainda em 2023.
*Com informações de Pedro Venceslau e Adriana de Luca
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