O espaço guarda inúmeros mistérios. Alguns deles podem estar mais perto de ser desvendados graças a estudo publicado nesta quinta-feira (26): o mapa infravermelho mais detalhado da galáxia já concluído. O trabalho levou cerca de 13 anos para ficar pronto e contém mais de 1,5 bilhão de objetos espaciais.
De acordo com os responsáveis, o mapeamento pode mudar nossa compreensão sobre a galáxia.
Maior mapa da galáxia está pronto
O trabalho foi publicado na revista Astronomy & Astrophysics, fruto de pesquisas de mais de 13 anos que resultaram em mais de 500 terabytes de dados.
O projeto é conduzido pelo Observatório Europeu do Sul, a partir de mais de 200 mil imagens registradas pelo VISTA (o Visible and Infrared Survey Telescope for Astronomy, ou Telescópio de Pesquisa Visível e Infravermelho para Astronomia).
O dispositivo fica no Observatório Paranal, no Chile. A grande altitude e pouca umidade do local facilita os registros astronômicos em infravermelho. Com ele, foi possível enxergar através da poeira da Via Láctea e desvendar objetos frios, como estrelas anãs marrons e planetas livres expulsos de seus sistemas estelares.
Também foi possível medir estrelas variáveis e sua relação entre o tempo que leva para clarear e escurecer. Anteriormente, da Terra, havíamos conseguido apenas medir o brilho delas, ou seja, quão fracas elas parecem para nós. Com a informação precisa sobre a luminosidade, é possível pontuar sua distância exata em relação ao nosso planeta. O mesmo vale para outros objetos que, até agora, não tínhamos certeza sobre a distância.
De acordo com Dante Minniti, astrofísico da Universidade Andrés Bello, no Chile, e líder do projeto, foram tantas descobertas no mapa que “mudamos a visão da nossa galáxia para sempre”.
Mapa não é o primeiro — mas realmente pode mudar nossa compreensão sobre galáxia
- O trabalho publicado nesta semana não é o primeiro a mapear a galáxia, mas é o mais detalhado;
- Um estudo anterior já havia sido feito usando imagens do VISTA, mas, publicado em 2012 (apenas três anos depois do início das operações do telescópio), tinha apenas um décimo dos objetos presentes na pesquisa atual;
- Minniti não exagerou: desde que os projetos de mapeamento da galáxia começaram, em 2010, foram mais de 300 artigos científicos publicados com base nas observações do VISTA;
- Os novos dados devem continuar a ser usados para ainda mais pesquisas nas próximas décadas, incluindo uma que pode colaborar com outro dispositivo mapeador de galáxias: o telescópio Gaia.