domingo, julho 7, 2024
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Mancha de Júpiter que vemos hoje é diferente da vista por Galileu

A Grande Mancha Vermelha que vemos atualmente em Júpiter não é a mesma observada por astrônomos – Galileo Galilei, Giovanni Domenico Cassini, Robert Hooke – no século 17. É o que dizem pesquisadores num estudo, revisado por pares, publicado nesta semana.

Pesquisa desvenda mistério sobre a Grande Mancha Vermelha de Júpiter

  • A atual Grande Mancha Vermelha de Júpiter não é a mesma observada por astrônomos (Galileo Galilei, Giovanni Domenico Cassini, Robert Hooke) no século 17, diz pesquisa publicada nesta semana. Em meados de 1660, Cassini a chamou de “Mancha Permanente”. Mas a pesquisa afirma que a mancha observada atualmente é diferente;
  • A “Mancha Permanente” observada por Cassini provavelmente desapareceu entre os séculos 18 e 19. Em 1831, uma nova tempestade oval foi notada aproximadamente na mesma latitude, o que levantou dúvidas sobre se era a mesma mancha ou uma nova formação;
  • Pesquisadores liderados por Agustín Sánchez-Lavega usaram modelagem computacional para estudar o comportamento de vórtices na atmosfera de Júpiter. Eles concluíram que a atual Grande Mancha Vermelha provavelmente se formou a partir de uma instabilidade atmosférica, diferindo em propriedades de uma supertempestade ou fusão de vórtices;
  • Os próximos passos são: 1) entender a estabilidade da Grande Mancha Vermelha e; 2) estimar se ela vai continuar a encolher até se desintegrar ou se vai persistir por muitos anos.
Diâmetro da Grande Mancha de Júpiter tem diâmetro semelhante ao da Terra (Imagem: Claudio Caridi/Shutterstock)

Naquela mancha, ocorre uma tempestade gigantesca – para você ter ideia, o diâmetro da mancha é semelhante ao da Terra. Quando Cassini a observou, em meados de 1660, a chamou de “Mancha Permanente”. Mas ela não é tão permanente assim.

Com base nas medições de tamanhos e movimentos, deduzimos que é altamente improvável que a atual Grande Mancha Vermelha seja a ‘Mancha Permanente’ observada por Giovanni Domenico Cassini. A ‘Mancha Permanente’ provavelmente desapareceu em algum momento entre meados do século XVIII e XIX; nesse caso, podemos agora dizer que a longevidade da Mancha Vermelha excede 190 anos.

Agustín Sánchez-Lavega, da Universidade do País Basco, na Espanha, e autor principal da pesquisa, em comunicado publicado no site da American Geophysical Union (AGU)

Mancha de Júpiter muda ao longo do tempo – as tempestades nela também

Grande Mancha Vermelha de Júpiter vista do espaço
“Mancha Permanente” de Júpiter, como chamada pelo astrônomo Giovanni Domenico Cassini, não é tão permanente assim (Imagem: Beyond Space/Shutterstock)

A “Mancha Permanente” de Cassini durou de 1600 até cerca de 1713, quando astrônomos aparentemente perderam o rastro dela. Só mais de 100 anos depois, em 1831, astrônomos voltaram a notar a tempestade oval aproximadamente na mesma latitude da antiga Mancha Permanente.

Desde então, especialistas se perguntam se esta era a mesma mancha ou uma diferente que teria surgido na mesma localização. E é esse questionamento que o estudo liderado por Sánchez-Lavega, publicado nesta semana no Geophysical Research Letters, responde. “Outros [pesquisadores] antes de nós exploraram essas observações [de Cassini], e agora quantificamos os resultados”, diz o autor principal do estudo.

Pesquisa traz retrospecto da Grande Mancha Vermelha de Júpiter

Os pesquisadores usaram modelagem computacional para analisar o comportamento de vórtices finos na atmosfera de Júpiter. A modelagem mostrou que anticiclones de supertempestades ou fusões resultariam em propriedades diferentes das da Grande Mancha Vermelha que vemos hoje.

No entanto, o modelo de uma “célula” atmosférica produzida por uma instabilidade dos ventos severos de Júpiter se ajustou bem. Este modelo criaria uma “proto-Grande Mancha Vermelha”.

Manchas de Júpiter vistas do espaço
Em esboços antigos, a Grande Mancha Vermelha de Júpiter tem formato mais alongado (Imagem: Artsiom P/Shutterstock)

Assim, a forma inicial da Mancha Vermelha eventualmente encolheria, criando uma tempestade compacta e com rotação rápida. E esboços antigos mostram uma Grande Mancha Vermelha mais alongada. Além disso, os cientistas observaram outras grandes “células” alongadas se transformarem em diferentes vórtices em Júpiter.

No futuro, os cientistas gostariam de entender como a Grande Mancha Vermelha é tão estável. E também gostariam de saber se ela continuará a encolher até se desintegrar ou se persistirá por muitos anos.

Via Olhar Digital

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