terça-feira, julho 2, 2024
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Mais do mundo da fantasia climática

Recentemente, tivemos que aguentar mais uma das fantasias realizadas em computadores rodando seus modelos oriundos da Terra de Alice, aquela do País das Maravilhas. No atual caso, resolveram simular o clima do planeta para daqui 250 milhões de anos, em uma nova configuração geográfica, quando supostamente haveria a junção de todas as terras emersas, formando um novo supercontinente.

O “trabalho” climático científico foi publicado na revista Nature Geoscience e faz uma alusão que o “aquecimento global” seria determinante para a extinção dos mamíferos na nova formatação continental. Segundo Alexander J. Farnsworth, um dos principais autores da Universidade de Bristol, Inglaterra, a formação de um novo supercontinente, já denominado como Pangea ultima, seria assolado por três problemas que o tornariam inabitável.

O primeiro seria pela sua própria nova constituição geográfica, pois criaria regiões muito afastadas do mar. Esse é um dos efeitos da continentalidade, um dos quatro fatores climáticos estáticos que praticamente não mudam, exceto se forçarem a barra, como é o caso em questão, pois a distribuição de terras foi alterada. Farnsworth tem Ph.D. em ciências geográficas, daí entende-se a utilização deste fator.

Quanto aos outros dois, a modelagem incorporou a atividade solar que se intensificaria para daqui 250 milhões de anos e, é claro, o aumento do falacioso “efeito-estufa”, causado pela liberação excessiva de CO2 na atmosfera devido ao vulcanismo exacerbado que ocorreria pelos processos geológicos. Segundo o artigo, esse último elemento que envolve os gases surgiu como resultado de modelos de computador que simularam o movimento tectônico de placas, a química dos oceanos e a biologia, computando as entradas e saídas de CO2.

Fantasia climática e o fator CO2

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Em artigo, Ricardo Felício volta a abordar a questão do CO2 | Foto: Reprodução/Freepik

Claramente aí já temos um enorme problema porque é impossível identificar todos os vetores que envolvem os processos do CO2. Se o próprio vulcanismo associado aos movimentos de placas é uma incógnita, o que dizer então das estimativas do grande reservatório de ignorância, chamado de oceanos e o total desconhecimento de toda a vida biológica existente na Terra? É certo que neste ponto deste exercício existiram condições de contorno e variáveis muito bem estabelecidas, cujas alterações dariam diversos outros cenários. 

Como sempre afirmo quando leio coisas como esta é que clima, geologia, geofísica etc. passaram longe e “trabalhos” ditos científicos, como o apresentado, não pertencem às ciências da Terra, mas à ciência da computação, para ser bastante otimista — e ainda apenas no quesito de processamento eletrônico.

“As esdrúxulas simulações do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para o ano de 2100 já se mostraram erradas nestes últimos 30 anos”

Ricardo Felício

Primeiramente porque não existe nenhuma garantia de que qualquer variável simulada realmente apresente os padrões desejados desta cenarização, especialmente para um tempo absurdamente longo de 250 milhões de anos. Se não conseguimos prever, prognosticar e até imaginar (este último, já no processo de simulação que envolve mesmo muita fantasia) as intercorrências, algumas até conhecidas, em tempos muito mais curtos, o que dizer de um tempo tão longo?

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Mesmo as esdrúxulas simulações do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para o ano de 2100 já se mostraram erradas nestes últimos 30 anos, com seus mais de 120 modelos esquentando a Terra mais do que ela realmente o faz, imaginemos a bobagem de desenhar um planeta daqui 250 milhões de anos?

Bravatas e mais bravatas sobre o clima

O clima nublado predomina especialmente no Centro-Oeste e Sudeste | Foto: Joe Mcubed/Freepik
Situação climática mundial é alvo de ‘bravatas’, afirma Ricardo Felício | Foto: Joe Mcubed/Freepik

A bravata não para por aí. Por duas vezes na história do planeta estivemos a atmosfera da Terra apresentando dez vezes o valor atual de CO2 e isto não impediu o planeta de entrar em períodos glaciais, os mais severos já registrados, quando então a Terra praticamente tornou-se uma bola de gelo. A “desculpa” dada pelos “especialistas” foi que a atividade vulcânica, embora solte muito CO2, também lançou bastante material particulado na estratosfera, causando o escurecimento da atmosfera e resfriamento planetário pela redução da insolação, coisa que também não faz sentido.

“Quanto mais se ‘pesquisa’, mais os resultados são divergentes e as explicações viram enormes discursos”

Ricardo Felício

Contudo, na atual simulação, os proponentes parecem ter esquecido desta “desculpa”, digo, deste fator, porque eles simularam uma atividade geológica muito mais severa, com intenso vulcanismo, lançando bastante CO2 para falsamente servir de “estufa”. Acabaram, no entanto, por remover a importância anteriormente citada das cinzas vulcânicas e do material particulado que ajudaria a resfriar em demasia a Terra? O que mudou? A física atmosférica ou o propósito a ser simulado? Será que os resultados precisam corroborar como compromisso do discurso alarmista?

Como podem aplicar a desculpa do material particulado para justificar o resfriamento das duas maiores glaciações da Terra e depois “esquecer” de citá-lo de forma que a simulação para daqui 250 milhões de anos dê valores de planeta tórrido? Em outras palavras, mesma atividade planetária, duas respostas totalmente díspares? Mas é essa a ciência climática atual. Quanto mais se “pesquisa”, mais os resultados são divergentes e as explicações viram enormes discursos.

Contradições das “pesquisas”

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Em artigo, Ricardo Felício analisa a questão do ‘aquecimento global’ | Foto: Reprodução/Freepik

Interessante que contradiz exatamente o que o principal autor, Farnsworth, o professor de Bristol, diz em seu sítio de internet quando retrata seus objetivos de pesquisa, tendo em vista que afirmou categoricamente que pretende pesquisar o passado climático em larga escala para desvendar o futuro, sempre atrelado ao falacioso efeito estufa e seus gases. Então, passou longe de cumprir sua própria meta!

As simulações apresentadas em seus mapas podemos observar claramente uma mudança zonal no campo de distribuição da temperatura durante as estações do ano. Isto indica que os fatores climáticos dinâmicos, como massas de ar e as correntes oceânicas, foram pouco ou mal considerados, senão, simulados, restando-nos a dúvida se realmente simularam tais condições de vento, chuva e umidade, como alegaram (filme 1, abaixo).

De fato, se formos bastante criteriosos, não observamos corredores de ciclones tropicais e nem de extratropicais nestas simulações porque seus mapas térmicos não registram absolutamente nenhuma variação significativa sazonal na área costeira deste supercontinente. Zonas de convergência sequer foram simuladas e admitir que as mesmas não existam, com a vastidão oceânica livre na configuração de globo apresentada, nos remete a pensar em uma programação reducionista exacerbada.

Assim, é pouco crível que uma simulação deste tipo não leve em conta que uma vasta área do planeta apresenta um contínuo contato entre o oceano e atmosfera. Neste caso, a interação ar-mar de amplas proporções permitiria a formação de diversos sistemas atmosféricos que geram uma quantidade de nuvens significativas, as quais tratariam de mostrar outros tipos de controles climáticos e não só os exemplificados na simulação. Ademais, a formação permanente de corredores de sistemas dinâmicos atmosféricos e oceânicos apresentariam resultados bem diversos, se tudo isto fosse real.

Exercícios para reflexão

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Oceanos precisam fazer parte de estudos referentes ao clima, afirma especialista | Reprodução/Unsplash

Esse exercício computacional pode servir como uma reflexão em um âmbito escolar, ilustrando atividades didáticas em sala de aula. De fato, já fizemos isto há quase 20 anos, em sala de aula, justamente para ressaltar a importância da distribuição geográfica e a diferença entre os hemisférios quanto à meteorologia, ao clima e à ação oceânica, “criando Terras”, onde espelhamos os hemisférios, uma somente com o Norte e outra com Sul (filmes 2 e 3).

Inclusive, fizemos exercícios mais complexos para aplicação dos conhecimentos, realizando simulações teóricas, tanto em “planetas novinhos em folha”, quanto em alterações geométricas de posição da Terra. Contudo, usar exercícios como este com um peso significativo de forma a ser publicado em revista científica, parece ser bastante questionável.

Freeman John Dyson (1923-2020) estaria rindo agora de um trabalho deste tipo, à la Carl Sagan e seu “inverno nuclear”. Por isto que continuamos a nos perguntar para que temos uma ciência como está? Qual foi a grande contribuição para a humanidade e para a climatologia com seus resultados?

Via Revista Oeste

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