domingo, novembro 24, 2024
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Maior lua de Saturno tem “ilhas mágicas“ que desaparecem; entenda

As “ilhas mágicas” que desaparecem em Titã, maior lua de Saturno, podem ser acúmulo de matéria orgânica, acreditam alguns pesquisadores. Elas têm intrigado cientistas desde que a missão Cassini, da Nasa, as avistou há uma década.

Embora inicialmente se pensassem que fossem bolhas de gás efervescente, os astrônomos agora acreditam que poderiam ser geleiras em forma de favo de mel formadas por material orgânico caindo na superfície da lua.

Essas ilhas estão entre os aspectos mais intrigantes de Titã, sendo observadas pelos cientistas como pontos brilhantes em movimento na superfície do mar de Titã que podem durar algumas horas, várias semanas ou mais.

Os astrônomos pensaram que estas regiões poderiam ser bolhas agrupadas de gás nitrogênio, ilhas reais compostas de sólidos flutuantes ou características atribuídas a ondas (embora as ondas atinjam apenas alguns milímetros de altura).

O cientista planetário Xinting Yu, professor assistente da Universidade do Texas, em San Antonio, concentrou-se em analisar as conexões entre a atmosfera de Titã, corpos líquidos e materiais sólidos que caem como neve para ver se poderiam estar relacionados com as “ilhas mágicas”.

“Eu queria investigar se as ‘ilhas mágicas’ poderiam realmente ser matéria orgânica flutuando na superfície, como pedra-pomes que pode flutuar na água aqui na Terra antes de afundar”, disse.

Yu é o principal autor de um estudo sobre o assunto publicado em 4 de janeiro na revista Geophysical.

Os cientistas pretendem compreender o máximo possível sobre Titã antes de enviar uma missão específica a ela.

A missão Dragonfly, liderada pelo Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins em colaboração com a Nasa, está prevista para ser lançada em 2028 e chegar a Titã na década de 2030.

Analisando um mundo insólito

Uma grande variedade de moléculas orgânicas existe na atmosfera superior de Titã, como nitrilas, hidrocarbonetos e benzeno. A temperatura da superfície é mais baixa (-179º C) que rios e lagos foram escavados por metano líquido, assim como as rochas e a lava ajudaram a formar relevos e canais na Terra.

As moléculas orgânicas na atmosfera de Titã unem-se em aglomerados antes de congelarem e caírem na superfície da lua.

Planícies escuras e dunas de material orgânico foram observadas em Titã, e os cientistas acreditam que as características foram, em grande parte, criadas pela “neve” desta lua de Saturno.

Mas o que acontece quando a neve de hidrocarbonetos cai nas superfícies estranhamente lisas dos lagos e rios de gás líquido de Titã?

A equipe de Yu determinou que o material orgânico sólido que cai da atmosfera superior não se dissolveria ao pousar nos corpos líquidos de Titã porque eles já estão saturados com partículas orgânicas.

“Para que possamos ver as ‘ilhas mágicas’, elas não podem simplesmente flutuar por um segundo e depois afundar. Eles têm que flutuar por um tempo, mas também não para sempre”, disse Yu.

O etano e o metano líquidos têm baixa tensão superficial, o que significa que é mais difícil para os sólidos flutuarem sobre eles.

A equipe de Yu simulou diferentes modelos e determinou que o material sólido congelado não flutuaria a menos que fosse poroso, como o favo de mel ou o queijo suíço.

Também é improvável que partículas pequenas flutuem sozinhas, a menos que sejam grandes o suficiente.

A análise da equipe resultou num cenário em que os sólidos de hidrocarbonetos congelados se aglomeram perto da costa, depois quebram-se e flutuam pela superfície como geleiras da Terra.

O metano líquido penetra lentamente nas nuvens cúmulos congeladas, eventualmente fazendo com que desapareçam de vista.

Além disso, uma possível fina camada de sólidos congelados nos mares e lagos de Titã poderia explicar por que os corpos líquidos da lua são tão lisos, segundo os investigadores.

Se aproximando de Titã

Na próxima década, espera-se que o Dragonfly investigue as planícies de material orgânico na região equatorial de Titã, em vez dos seus corpos líquidos.

O veículo irá coletar amostras de materiais na superfície de Titã, estudar a habitabilidade potencial de seus ambientes únicos e determinar quais processos químicos estão ocorrendo nesta lua.

Produtos químicos orgânicos essenciais para a vida na Terra, como nitrogênio, oxigênio e outras moléculas baseadas em carbono, também são encontrados em Titã.

Abaixo da espessa crosta de Titã, feita de gelo, existe um oceano interno de água salgada, considerado um dos melhores lugares para procurar vida.

Titã parece inóspito, mas é possível que as condições lá sejam propícias à vida, dependendo de diferentes químicas e formas que estão além da nossa compreensão atual, de acordo com a Nasa.

Mais sobre Titã

Os cientistas consideram Titã uma das luas mais fascinantes do nosso sistema solar porque partilha algumas semelhanças com a Terra.

No entanto, em muitos aspectos, Titã também apresenta uma paisagem estranha e desconcertante. Ela é maior que a nossa lua e que o planeta Mercúrio, além de ser a única lua do nosso sistema solar com uma atmosfera densa.

A atmosfera dela é composta, em grande parte, por nitrogênio com um pouco de metano, o que dá a Titã sua aparência laranja difusa. A pressão atmosférica é cerca de 60% maior que a da Terra.

Esse é o tipo pressão que os seres humanos sentem quando nadam cerca de 15 metros abaixo da superfície do oceano, segundo a Nasa.

Titã também é o único outro corpo em nosso sistema solar que possui matérias líquidas semelhantes às da Terra em sua superfície.

No entanto, os rios, lagos e mares são compostos de etano e metano líquidos, que formam nuvens e fazem chover gás líquido do céu.

A missão Cassini, que transportava a sonda Huygens, que pousou em Titã em 2005, realizou mais de 100 sobrevoos por Titã entre 2004 e 2017 para revelar muito do que os cientistas sabem hoje sobre a lua.

As imagens do radar Cassini capturaram as inexplicáveis ​​regiões brilhantes de Ligeia Mare, o segundo maior corpo líquido na superfície de Titã. O mar é 50% maior que o Lago Superior e é composto de metano líquido, etano e nitrogênio.

Via CNN

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