quarta-feira, novembro 27, 2024
InícioInternacionalMaduro ignora Tribunal de Haia e mantém plebiscito sobre Guiana

Maduro ignora Tribunal de Haia e mantém plebiscito sobre Guiana

A Corte Internacional de Justiça (CIJ) concedeu, nesta sexta-feira, 1º, medidas provisórias em favor da Guiana e contra a realização do plebiscito proposto pela Venezuela na disputa pela região do Essequibo, território rico em petróleo. Com a decisão, a CIJ espera evitar uma escalada nas tensões.

Em Caracas, o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, ignorou a Corte Internacional de Justiça e manteve a votação deste domingo, 3. Ele voltou a usar as redes sociais para argumentar que Essequibo faz parte de seu território.

“Não deixaremos que ninguém nos tire o que nos pertence, nem trairemos os nossos princípios”, escreveu Maduro, no Twitter/X. “Defenderemos Essequibo!”

“Conheça a Guiana, país que atingiu PIB de US$ 15 bilhões e se tornou alvo da Venezuela”

Na decisão de ontem, a CIJ acatou o pedido da Guiana, protocolado em 30 de outubro, por medidas provisórias até que o caso seja julgado em definitivo. A Corte reconheceu que as últimas ações do governo venezuelano demonstram a urgência de acelerar o julgamento.

Sem citar o plebiscito, a CIJ determinou que nenhum dos países tome medidas para agravar o conflito. Em seu pedido, a Guiana afirma que o plebiscito pretende validar a decisão de Maduro de abandonar o processo e anexar o território, que representa cerca de 70% da superfície da Guiana.

Amanhã, os venezuelanos deverão responder nas urnas se apoiam a criação do Estado chamado “Guiana Essequiba”. A anexação já foi antecipada em mapas divulgados pela ditadura chavista e prevê que os seus 125 mil habitantes recebam cidadania venezuelana.

YouTube videoYouTube video

Guiana é rica em petróleo

O plebiscito é uma resposta da Venezuela ao leilão de exploração de petróleo anunciado pela Guiana neste ano. Caracas alega que país vizinho não tem o direito de explorar as áreas marítimas da região.

Em 2015, a Guiana fechou um acordo de perfuração com a norte-americana Exxon Mobil, depois de uma “descoberta significativa” de petróleo. Em 2018, o caso foi parar na CIJ, que ainda não tomou uma decisão final.

Na quinta-feira 30, Maduro disse que o plebiscito seria realizado de qualquer maneira. “Digo ao governo da Guiana, à ExxonMobil e ao Comando Sul dos EUA: na Venezuela, faça chuva, trovão ou relâmpago, no domingo a pátria será abençoada e o povo estará nas ruas votando”, escreveu o ditador.

Por que Essequibo virou alvo de cobiça?

A Guiana, país vizinho da Venezuela, era uma das nações mais pobres do Hemisfério Ocidental. Até que as autoridades locais descobriram bilhões de barris de petróleo na região, em 2015.

A partir disso, a vida de seus 800 mil habitantes melhorou. Para ter uma ideia, o Produto Interno Bruto (PIB) do país atingiu US$ 15,36 bilhões, em 2022.

Guiana Venezuela | Parte das águas do Rio Essequibo, território em disputa com a Venezuela, abrigou parte do petróleo encontrado em 2015 | Foto: Divulgação/Google MapsGuiana Venezuela | Parte das águas do Rio Essequibo, território em disputa com a Venezuela, abrigou parte do petróleo encontrado em 2015 | Foto: Divulgação/Google Maps
Parte das águas do Rio Essequibo, território em disputa com a Venezuela, abrigou alguma quantidade do petróleo encontrado em 2015 | Foto: Divulgação/Google Maps

Uma parte do petróleo foi encontrada nas águas do Rio Essequibo, região que, atualmente, está em disputa. O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, exige sua anexação ao mapa venezuelano.

No próximo domingo, 3, um referendo vai consultar a população venezuelana sobre essa ideia. No entanto, a Guiana já se pronunciou contra essa possível anexação

Brasil em compasso de espera

O risco de um conflito preocupa a diplomacia brasileira. Na quinta-feira, o Ministério da Defesa intensificou a presença militar em Roraima, na fronteira com os dois vizinhos. Gisela Padovan, secretária do Ministério das Relações Exteriores para América Latina e Caribe, admitiu a preocupação, mas acredita que a disputa seja resolvida de forma pacífica.

A Guiana diz que a fronteira foi definida por uma arbitragem de 1899. A Venezuela apela a um acordo assinado em 1966 (antes da independência da Guiana do Reino Unido), que anula decisões anteriores e estabelece as bases para uma solução negociada, que nunca ocorreu.

YouTube videoYouTube video

Maduro ‘caça’ adversários políticos

Enfrentando uma crise crônica de legitimidade política e um desastre econômico, Maduro terá pela frente eleições presidenciais no ano que vem. A oposição parece unida em torno do nome de María Corina Machado, que venceu as primárias de outubro, mas permanece inabilitada e não pode disputar uma eleição pelos próximos 15 anos.

Na quinta-feira, Tribunal Supremo de Justiça prometeu revisar as inabilitações políticas depois de um acordo entre governo e oposição, que envolve a suspensão temporária das sanções econômicas impostas pelos EUA. Se Corina conseguir se lançar candidata, Maduro teria um problema nas urnas.

Observadores temem que ele possa usar a questão do Essequibo para galvanizar apoio pré-eleitoral, uma estratégia usada por outros ditadores do continente, como o general argentino Leopoldo Galtieri, que invadiu as Malvinas, em 1982, em busca de legitimidade popular — depois da derrota, acabou derrubado.

YouTube videoYouTube video


Revista Oeste, com informações da Agência Estado

Via Revista Oeste

MAIS DO AUTOR

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui