sexta-feira, novembro 22, 2024
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Lula torce por Kamala; Bolsonaro por Trump. E daí? Daí, nada

Lula está torcendo por Kamala Harris na eleição presidencial norte-americana; Jair Bolsonaro está torcendo por Donald Trump.

O presidente brasileiro disse que “a democracia, para mim, ela é o espelho fiel de um sistema político que permite os contrários, permite os antagônicos, permite a disputa civilizada entre a humanidade na discussão de ideias, sem violência. Então, eu acho que a Kamala, ganhando as eleições, é muito mais seguro de a gente fortalecer a democracia nos Estados Unidos”.

Já o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que “hoje vemos guerras, o terrorismo retornando e a censura restringindo a todos nós. O retorno de Trump é a certeza de um mundo melhor. Sem guerras, sem terrorismo e um retorno à liberdade em sua forma mais pura”.

A gente não fortalece democracia em lugar nenhum do mundo, nem aqui ao lado, na Venezuela, e ainda menos nos Estados Unidos, cuja democracia é a mais vibrante do mundo e certamente sobreviverá muito bem a uma eventual derrota de Kamala Harris.

A ideia de que Donald Trump possa ser um Deus ex machina que estabeleça o reino da paz e da liberdade no mundo é, por sua vez, de uma patetice inabordável.

É óbvio que Lula, como presidente da República, deveria guardar a simpatia por Kamala para si, pelo simples fato de que, se Trump vencer, poderá haver um travo nas relações entre Brasil e Estados Unidos. Foi o que aconteceu quando Jair Bolsonaro, então presidente, apoiou Trump e o vencedor foi Joe Biden.

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Donald Trump, presidente dos EUA, cumprimenta o então presidente Jair Bolsonaro (Washington, DC – EUA, 19/03/2019) | Foto: Alan Santos/PR

Por que tanto Lula quanto Jair Bolsonaro se sentiram livres para, aboletados no Palácio do Planalto, apoiar candidatos à Casa Branca? Afora a ignorância institucional dos nossos dois Einsteins e o menosprezo de ambos pelos interesses brasileiros, mais preocupados que estão em jogar para as respectivas galeras em todas as oportunidades, há uma causa para essa liberdade da qual eles não se dão conta.

A causa é a nossa insignificância. Dois números a expressam à perfeição: a participação do Brasil no comércio mundial gira em torno de 1%; a bolsa brasileira representa apenas 0,5% da carteira de investimentos do mundo. Gostamos de encher a boca, dizendo que estamos entre as maiores economias do mundo, mas sugiro olhar a nossa renda per capita, que é o que interessa de verdade: menos de U$ 10 mil.

Insignificantes econômica e também militarmente, somos um anão diplomático, na perfeita imagem israelense. A ela se pode acrescentar uma metáfora marinha: sob Lula e o seu antiamericanismo primitivo, viramos um daqueles peixinhos que acompanham tubarões para se alimentar dos restos de comida que ficam presos nos dentes do predadores. Viramos o fio dental de Rússia e da China.

A opinião e o apoio do Brasil não significam nada em lugar nenhum do planeta, a não ser a criação de pequenos problemas para nós mesmos, tão minúsculos quanto nós próprios, nas situações em que a opinião e o apoio não deveriam ser dados ou são dados a coisa que não presta.

O Brasil não existe, o mundo não seria diferente se o país deixasse de existir como nação — apenas os porcos chineses sentiriam um pouco a falta da nossa soja na ração. Somos, no máximo, um enorme mau exemplo. É por isso que Lula e Jair Bolsonaro podem torcer abertamente para quem quiserem na eleição americana.

Via Revista Oeste

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