O presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre a foto postada no Instagram pela primeira-dama Janja, em que ela aparece dando um beijo na cabeça da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. A publicação foi realizada em meio às denúncias de suposto assédio sexual do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.
“O motivo de uma foto da Janja com a Anielle é a demonstração inequívoca de que as mulheres estão com as mulheres”, disse Lula em entrevista à Rádio Difusora Goiânia. “E é o normal. Não tem uma mulher que fique favorável a alguém que seja denunciado por assédio.”
Janja publicou a foto com Anielle Franco nesta sexta-feira, 6. As denúncias contra Silvio Almeida vieram à tona depois de denúncias do portal UOL e do site Metrópoles, na quinta-feira 5. O ministro é acusado de assediar sexualmente 14 mulheres, entre elas, a ministra da Igualdade Racial.
Também em entrevista, Lula garantiu que o caso será investigado e que vai analisar, nesta sexta-feira, se vai afastar ou não o ministro dos Direitos Humanos durante o curso das apurações policiais e administrativas.
“Nós vamos colocar Polícia Federal, Ministério Público, Comissão de Ética da Presidência da República para investigar”, afirmou. “Porque veja, eu estou em uma briga danada contra a violência contra as mulheres, o meu governo tem uma prioridade em fazer com que as mulheres se transformem, definitivamente, em uma parte importante da política nacional.”
O chefe do Executivo Federal declarou que não pode “permitir que tenha assédio” no governo. “Então, é o seguinte, nós vamos ter que apurar corretamente”, indicou.
“Mas eu acho que não é possível a continuidade no governo, porque o governo não vai fazer jus ao seu discurso, à defesa das mulheres, inclusive dos direitos humanos, com alguém que esteja sendo acusado de assédio”, afirmou Lula.
Anielle Franco segue em silêncio
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, segue em silêncio sobre o caso. Reportagem de Oeste procurou a assessoria de imprensa de Anielle Franco na noite de quinta-feira e na tarde desta sexta-feira, 6, para comentar o suposto assédio sexual sofrido pela ministra por parte de Silvio Almeida. No entanto, não obteve resposta. O espaço segue aberto.
Já na noite desta quinta-feira, 5, o ministro Silvio Almeida disse “repudiar com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas” contra ele. Disse que “qualquer denúncia deve ter materialidade” e que não cometeu assédio sexual ou moral.
“Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país”, declarou. “O que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro.”
O ministro de Lula ainda disse ser “muito triste viver tudo isso” e que as denúncias doem “na alma”. “Mais uma vez, há um grupo querendo apagar e diminuir as nossas existências, imputando a mim condutas que eles praticam. Com isso, perde o Brasil, perde a pauta de direitos humanos, perde a igualdade racial e perde o povo brasileiro.”
Também afirmou que vai denunciar os crimes imputados a ele. Afirmou que o suposto caso de assédio sexual e moral é baseado em “mentiras”.
“Toda e qualquer denúncia deve ser investigada com todo o rigor da Lei, mas para tanto é preciso que os fatos sejam expostos para serem apurados e processados”, analisou. “E não apenas baseados em mentiras, sem provas.”