sexta-feira, maio 30, 2025
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Lula resiste a classificar facções criminosas como terrorismo

O avanço de um projeto de lei para tornar crimes organizados equivalentes a terrorismo tem gerado inquietação entre assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto, que enxergam “riscos de fortalecer a imagem” de facções criminosas.

Segundo integrantes do governo, a classificação de “terrorista” pode ser adotada por organizações criminosas como símbolo de desafio ao Estado, o que poderia fortalecer sua atuação em regiões sob influência dessas facções.

Uma proposta para a classificação foi apresentada pelo deputado Danilo Forte (União Brasil-CE) e, depois da aprovação do regime de urgência na Câmara na segunda-feira 26, poderá ser votada diretamente pelo Plenário, sem passar pelas comissões.

Governo Lula não quer ser criticado em fóruns internacionais

O objetivo da base do governo Lula é ter protagonismo no na CPMI que vai investigar as fraudes no INSS | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Governo Lula já havia rejeitado proposta do governo Trump para classificar PCC e CV como organizações terroristas | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

No início do mês, o Palácio do Planalto recusou a sugestão feita pelo governo de Donald Trump de enquadrar o Primeiro Comando da Capital e o Comando Vermelho como organizações terroristas.

A ideia foi apresentada durante um encontro em Brasília entre representantes brasileiros e uma delegação dos Estados Unidos chefiada por David Gamble, responsável interino pela Coordenação de Sanções no Departamento de Estado dos EUA.

No campo diplomático, membros do Itamaraty e da assessoria internacional do governo também manifestam preocupação, receando que o país seja alvo de críticas em fóruns internacionais de direitos humanos, principalmente de países europeus e entidades que acompanham questões de segurança pública.

As apreensões do governo incluem possíveis questionamentos legais e políticos sobre a proporcionalidade das punições, a condução de operações policiais em áreas carentes e o impacto sobre populações vulneráveis, além de potenciais sanções a empresas e pessoas com vínculos, mesmo que indiretos, com facções.

Estratégias atuais

Em caráter reservado, auxiliares do Planalto reconhecem a pressão política que motiva a proposta, mas ponderam que o impacto institucional negativo pode “superar eventuais ganhos na imagem do combate ao crime organizado”.

Até o momento, o governo Lula ainda avalia se irá tentar barrar o projeto ou propor mudanças no texto durante a tramitação no Plenário ou no Senado.

Por enquanto, a orientação é acompanhar o tema de forma discreta e evitar posicionamentos públicos, concentrando os debates em negociações internas.

Via Revista Oeste

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