Em participação na 16ª Cúpula do Brics por videoconferência nesta quarta-feira, 23, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que está na hora de o grupo “avançar na criação de meios de pagamento alternativos para transações entre nossos países”.
“Não se trata de substituir nossas moedas”, disse Lula, em discurso do Brasil, em razão de uma queda, em Brasília. “Mas é preciso trabalhar para que a ordem multipolar que almejamos se reflita no sistema financeiro internacional. Essa discussão precisa ser enfrentada com seriedade, cautela e solidez técnica, mas não pode ser mais adiada.”
Lula quer, ainda, que os bancos nacionais dos países que compõem o Brics — Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã — estabeleçam linhas de crédito em moedas locais. Isso, segundo o presidente, vai reduzir os custos de transação de pequenas e médias empresas.
Elogios a Dilma Rousseff, presidente do Banco do Brics
Em seu discurso, o petista elogiou a “companheira” Dilma Rousseff. Ela ocupa o cargo de presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), ou Banco do Brics.
“O NDB, que neste ano completa dez anos, tem investido na infraestrutura necessária para fortalecer nossas economias e promover uma transição justa e soberana”, disse Lula. “Sob a liderança da companheira Dilma Rousseff, o NDB conta atualmente com uma carteira de quase cem projetos e com financiamentos da ordem deUS$ 33 bilhões.”
A fala do petista é alinhada com declarações recentes do presidente da Rússia, Vladimir Putin. O encontro, inclusive, ocorre numa cidade russa, Kazan.
Putin, que falou com Lula por telefone na manhã desta terça-feira, 22, disse que o Brics precisa estabelecer um “arranjo” para reservas internacionais. Ele também pediu uma diminuição a dependência do dólar, a moeda dos Estados Unidos.
Lula critica Israel e pede paz em ‘conflito entre Ucrânia e Rússia’
Ainda no discurso na Cúpula do Brics, Lula falou sobre alguns dos principais combates ao redor do globo. As ações de Israel contra terroristas do Hamas e do Hezbollah, o presidente do Brasil classificou como “insensatez”. Em contraponto, de maneira bem menos categórica, pediu paz no ”conflito Ucrânia e Rússia”.
“Gaza se tornou o maior cemitério de crianças e mulheres do mundo, e essa insensatez agora se alastra para a Cisjordânia e para o Líbano”, disse Lula. “Evitar uma escalada e iniciar negociação de paz também é essencial no conflito entre Ucrânia e Rússia.”