O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia nomear um representante da Frente Parlamentar Evangélica para liderar um ministério, preferencialmente uma mulher. Essa medida visa a aproximar o governo do segmento evangélico e reconhecer o público feminino, setores em que sua administração enfrenta resistência. O jornal O Estado de S. Paulo publicou as informações neste domingo, 10.
Debates entre ministros e líderes evangélicos intensificaram-se nos últimos meses. No Palácio do Planalto, é esperado que Lula realize uma reforma ministerial depois das eleições para a presidência da Câmara e do Senado, previstas para fevereiro de 2025.
Lula quer mudanças para a segunda metade do mandato
De acordo com o Estadão, o objetivo é começar a segunda metade do mandato com uma equipe que reflita a nova correlação de forças políticas do país depois das eleições municipais. O segmento evangélico, representando cerca de 30% da população, é considerado um “fiel da balança” em virtude da influência do setor nas eleições.
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) e a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) são cotadas para posições de destaque. Benedita foi ministra de Assistência e Promoção Social no primeiro mandato de Lula.
O ministério mais cobiçado pelos evangélicos
O Ministério do Desenvolvimento Social, que administra o programa Bolsa Família, é um dos mais cobiçados pelos evangélicos. Atualmente, o senador licenciado Wellington Dias (PT) é o responsável pela pasta.
Silas Câmara (Republicanos-AM), presidente da Frente Parlamentar Evangélica, afirmou, contudo, não ter compromisso com o governo. “O que existe hoje é um diálogo normal”, afirmou ao Estadão. “Somente conversar não adianta. O governo precisa mudar suas atitudes.”
Pois bem…
O deputado Otoni de Paula parece que agora está mais próximo de Lula, pede bençãos, faz oração.
Tudo isso depois de Lula oficializar o dia nacional da música gospel.🤔 pic.twitter.com/pnqYhHo1i2— DelarochaSP (@wspdelarocha) October 17, 2024
Ele disse que ações do governo sobre educação infantil e aborto legal, ainda que revertidas, mostram desconexão com a ideia de Lula de aproximar-se dos evangélicos. Câmara ainda citou a eleição de Donald Trump como alerta ao Planalto, que mostra que há um crescimento do conservadorismo no mundo.
Membros do governo têm se reunido com líderes evangélicos
Os ministros Jorge Messias, chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), e Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, têm se reunido frequentemente com líderes evangélicos a pedido de Lula. Messias é a principal ligação entre o Planalto e os evangélicos.
Em reunião recente, Lula mencionou um “livramento” ao se recuperar rapidamente de uma queda no Palácio da Alvorada, que aconteceu dias depois de receber orações de integrantes da bancada evangélica.
O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), ex-apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), liderou as orações por Lula em cerimônia no Planalto.
Além disso, Otoni destacou que, no governo Bolsonaro, a Frente Parlamentar Evangélica não recebeu o reconhecimento esperado. “Não queremos barganhar nada com Lula, mas, caso haja um ministério, será importante, porque os parlamentares precisam fazer políticas públicas, e o bolsonarismo tomou essa pauta dos representantes da igreja”, afirmou.