A condução da política fiscal do governo Lula, especialmente os planos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), foi alvo de críticas por parte do ex-presidente do Banco Central (BC) Roberto Campos Neto. Para ele, a decisão impacta negativamente o ambiente de investimentos no país, pois restringe o lucro de capital e inibe o capital a longo prazo.
Campos Neto argumentou que a atual gestão de Luiz Inácio Lula da Silva adota uma visão equivocada sobre as causas da inflação e o caminho para o crescimento econômico.
“Vejo muito nesse governo a tendência de achar que inflação é um problema de oferta, e crescimento é um problema de demanda”, afirmou o economista, durante evento da holding financeira B.Side, em São Paulo. “Na verdade, é exatamente o contrário. Tem que gerar oferta para poder ter crescimento sustentável.”
Campos Neto defende soluções privadas

Ao comparar políticas internacionais, Campos Neto citou os Emirados Árabes como exemplo de atração de capitais. Ele destacou que o Brasil, no momento, adota postura oposta ao impor barreiras à entrada e à saída de recursos.
“Temos que dar estabilidade a quem quer entrar, e de poder sair a hora que quiser”, argumentou Campos Neto. “O problema é que a gente ficou muitos anos tentando achar soluções públicas para problemas privados, porque a gente precisa achar solução privada para o problema público.”
O ex-presidente do Banco Central comentou ainda o cenário de 2026. Ele enxerga uma oportunidade para a oposição ao governo atual e tem a expectativa de que os eleitores estejam atentos.
Sobre a condução da política monetária, Campos Neto afirmou que não faz restrições às decisões do Comitê de Política Monetária. O grupo elevou recentemente a taxa Selic. “Se eu estivesse lá, faria a mesma coisa”, disse. “Não acho que a ‘bola’ hoje está do lado da política monetária, está do lado da política fiscal.”