O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), voltou a dizer que a obra de transposição do Rio São Francisco pode ser vista “da Lua”. A declaração foi dada durante evento para a sanção do projeto de lei que institui o Fundo de Investimento em Infraestrutura Social (FIIS). A cerimônia ocorreu nesta sexta-feira, 2, em São Gonçalo do Amarante (CE).
“Hoje, eu tenho orgulho”, iniciou Lula sobre a entrega da obra. “Porque se vocês forem na Lua, vão perceber que além da obra da Muralha Chinesa, vocês vão ver o canal do São Francisco.”
Segundo Lula, houve “muita briga” com governadores de Alagoas, Bahia e Piauí quando o governo queria iniciar o projeto. Afirmou que foram realizadas “mais de 33 reuniões para encontrar uma solução” e definiu o período como “um inferno”.
“Alagoas pensava que o rio era dela, a Bahia pensava que o rio era dela e até Sergipe era contra”, contou. “O governador de Sergipe chegou a ir de sunga branca no meio do rio para dizer: ‘O Lula quer tirar a água do povo de Sergipe’. Eu falei para ele: ‘Coloca uma cueca e vai mergulhar no rio cheio de coco que você não limpa, que você não faz tratamento, em vez de contar mentiras para o povo’. E tomamos a decisão de fazer a transnordestina.”
Esta não foi a primeira vez que Lula faz a comparação sobre a obra do Rio São Francisco. Em abril deste ano, durante inauguração de uma obra hídrica em Arcoverde (255 km do Recife), fez referência à transposição.
O presidente se dirigiu aos ministros e deputados presentes no evento, incentivando-os a visitar os canais da transposição do Rio São Francisco. “É a segunda grande coisa que você vê da Lua: você vê o muro da China e você vê o canal do São Francisco, que é uma obra de mais de 640 quilômetros.”
Lula agradece apoio do Congresso Nacional
Durante a cerimônia desta sexta-feira, 2, Lula agradeceu ao apoio que está recebendo dos parlamentares do Congresso Nacional. A solenidade contou com a presença dos ministros Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Renan Filho (Transportes) e Camilo Santana (Educação).
“Eu tenho que agradecer ao Congresso Nacional, muitas vezes tão ofendido, destratado e avacalhado”, disse. “O meu partido só tem 70 deputados de 513. Só tem 9 senadores de 81. Entretanto, até agora, a gente não perdeu um único projeto importante para este país porque a Câmara e o Senado têm votado coisas de acordo com as intenções do governo.”
O chefe do Executivo Federal ainda afirmou que mantém um diálogo aberto e respeitoso com os parlamentares, independentemente das divergências políticas. Disse que não conversa para “casamento”, mas em prol do país.
“Os caras não votaram em mim, mas são deputados. Eu não tenho nada com eles, mas sou presidente da República. Eu não posso conversar só quem gosta de mim. Eu quero conversar com quem tem o poder de votar. E eu converso com todos, indistintamente”, acrescentou Lula.