O presidente Luiz Inácio Lula da Silva trocou farpas com uma líder do grupo indígena Tupinambá na última quinta-feira, 12, no Rio de Janeiro. O chefe do Executivo participou da cerimônia que celebrou o retorno do Manto Tupinambá ao Brasil. A vestimenta sagrada estava na Dinamarca e vai ficar no Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Antes de começar a falar, Yakui Tupinambá pediu permissão para “quebrar protocolo” durante o discurso, que seria destinado ao governo brasileiro. Ela chamou Lula de “Luiz, filho da Lindu.”
“Me disseram que o senhor teria três minutos de fala”, afirmou Yakui. “O Brasil lida com a adversidade. Povo indígena é povo de oralidade. Não é com cronômetro.”
A líder afirmou que espera desde 2009 a vontade da Presidência da República e do Ministério da Justiça para assinar portaria declaratória que demarca as terras indígenas. Além disso, reiterou a “insatisfação com a postura colonizadora personificada pelo Estado brasileiro.”
“Nosso desejo era de que no desembarque do manto sagrado pudéssemos estar presentes para recebê-lo com ritos honrosos merecidos, por se tratar de algo, para nós, de extrema importância espiritual e identidade cultural”, disse Yakui Tupinambá. “Porém, mais uma vez, as justificativas apresentadas não convenceram.”
A líder indígenas também cobrou transparência no processo de mudança do manto que estava na Dinamarca.
Lula rebate críticas de indígena
Em respostas às críticas da líder Yakui Tupinambá, Lula afirmou que fica feliz em fazer parte de um governo que as pessoas podem reclamar do presidente na frente dele. O petista ainda afirmou que em “tempos não muitos distantes, os indígenas não eram chamados nem para falar.”
“Eu queria apenas que a companheira que falou aqui, mudasse o seu discurso”, afirmou o presidente, que manteve olhar fixo para a plateia que estava atrás dele. “Aqui não tem subserviência para ficar no poder. Eu não preciso disso. O que você tem é inteligência política, para saber que eu tenho um partido com 70 deputados, em 513, eu tenho nove senadores, em 81.”