quinta-feira, julho 4, 2024
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Lula deve distribuir R$ 30 bi em emendas parlamentares

Em acordo com o Congresso Nacional, o governo Lula (PT) decidiu repassar 60% das emendas parlamentares previstas para 2024 antes das eleições de outubro. O valor de R$ 30 bilhões é o maior da história e inclui emendas sem critérios técnicos, emendas Pix e heranças do orçamento secreto. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.

A legislação eleitoral proíbe o pagamento de emendas três meses antes das eleições, exceto para obras já em andamento. No entanto, manobras do Congresso, com aval do Executivo, mudaram a forma de pagamento e contornaram a lei eleitoral.

Aumento significativo de recursos

Nunca antes houve tanto recurso disponível em plena campanha. De janeiro até a semana passada, foram pagos R$ 20,9 bilhões em emendas, incluindo valores do Orçamento de 2024 e de anos anteriores.

Espera-se que o valor das emendas aumente até sexta-feira, 5. O montante final dependerá dos desembolsos da União. Atualmente, R$ 5 bilhões estão prontos para pagamento e outros R$ 5 bilhões aguardam processamento. Parlamentares e prefeitos pressionam por esses repasses na reta final, enquanto o governo gerencia o caixa.

Impactos das emendas parlamentares

De acordo com Guilherme France, gerente de Pesquisa da Transparência Internacional no Brasil, as emendas parlamentares têm produzido três impactos problemáticos: risco de corrupção, deturpação de políticas públicas e impacto eleitoral.

“Se vamos continuar com um modelo de ampla destinação de recursos via emenda parlamentar, e não parece que o Congresso vai abrir mão, precisamos que esses recursos sejam destinados com adequação dos critérios técnicos de alocação, transparência e fiscalização”, disse France ao Estadão.

Nesta semana, a Câmara dos Deputados deve votar os projetos de regulamentação da reforma tributária enviados pelo governo Lula. Liberar emendas em períodos de votações estratégicas no Congresso é uma prática comum do Executivo federal para agradar parlamentares com recursos do Orçamento da União. Isso ocorreu diversas vezes no ano passado, como mostrou o Estadão, e se repete agora, especialmente devido às eleições municipais.

Posição do governo sobre as emendas

Procurada, a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, responsável pela relação com o Congresso e pelo pagamento de emendas, afirmou que o calendário de liberação, definido em fevereiro, tem “o objetivo de viabilizar obras e acelerar o atendimento à população nos municípios”.

O órgão informou que até sexta-feira, 5, o governo vai pagar R$ 21,5 bilhões em emendas relativas às transferências especiais (emendas Pix) e transferências para saúde e assistência social, sendo R$ 14,9 bilhões pagos até quarta-feira, 28. O governo não antecipou o valor a ser quitado de outros tipos de recursos.

Negociações e decretos presidenciais

Inicialmente, o Congresso queria obrigar o governo Lula a seguir um calendário de pagamento de emendas neste ano. O presidente vetou essa proposta, mas, em troca, negociou um cronograma diretamente com os parlamentares e assinou um decreto em fevereiro que, na prática, atendeu ao desejo dos políticos.

Em maio, Lula assinou um novo decreto que ampliou os recursos destinados a emendas no primeiro semestre. O acordo ficou ainda mais custoso para os cofres públicos. Se o veto fosse derrubado, o governo teria que pagar R$ 16 bilhões em emendas no primeiro semestre, mas pode acabar pagando quase o dobro.

Contexto das emendas parlamentares

As emendas parlamentares são recursos da União indicados por deputados e senadores, que escolhem livremente o destino do dinheiro. O governo controla o caixa e o momento da liberação dos recursos. No caso da Saúde, não são respeitados critérios técnicos, como as cidades mais necessitadas e as informações sanitárias de cada região.

O montante também inclui emendas Pix, enviadas sem finalidade definida e sem transparência sobre o uso do dinheiro, e emendas de comissão, que herdaram parte do orçamento secreto, declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Via Revista Oeste

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