O jornal O Estado de S. Paulo voltou a criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em editorial publicado nesta sexta-feira, 12. No texto, intitulado “Presente de grego na conta de luz”, o periódico afirma que a gestão petista vai recorrer a uma “gambiarra” para poder diminuir o preço da conta de energia elétrica — e assim reconquistar sua popularidade entre os eleitores.
“Na manobra, o governo vai securitizar R$ 20 bilhões que tem a receber da Eletrobras nas próximas duas décadas, como parte do processo de privatização”, escreveu o jornal. “Ou seja, o governo estará, na prática, antecipando esse recebimento por meio da emissão de títulos, pagando juros por isso.”
Lula assinou, na última terça-feira, 9, uma medida provisória que busca diminuir em 3,5% a conta de energia em 2024, justamente do pagamento de empréstimos tomados por distribuidoras.
“Por meio da medida, o governo vai pegar dinheiro emprestado para pagar o crédito tomado pelas distribuidoras de energia em nome dos consumidores para suportar tanto a pandemia de covid-19 como a grande seca que reduziu os reservatórios de água em 2021 e 2022”, argumentou o Estadão. “Esse passivo está embutido na conta de luz.”
Entenda por que a conta de luz ficou cara e como Lula pretende diminuir o preço
Essas contas foram negociadas pelas distribuidoras para lidar com custos da pandemia e da escassez hídrica. O custo desses empréstimos em tempos pandêmicos é parte dos ajustes tarifários que aumentam a conta de luz.
De acordo com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a antecipação dos R$ 26 bilhões da Petrobras vai pagar os empréstimos das distribuidoras. Ainda vai sobrar uma quantia de dinheiro, disse Silveira.
Para o Estadão, a manobra não passa de um “presente de grego”, isto é, um presente que vai causar prejuízo ou aborrecimento para a pessoa que recebe. O governo Lula estaria usando o dinheiro da Eletrobras para diminuir o preço das contas no presente e assim reconquistar sua popularidade. As contas futuras, no entanto, inevitavelmente ficariam mais caras por causa da ausência de recursos na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que custeia os subsídios a consumidores e geradores de energia.
“O governo escolheu deixar de receber o dinheiro da Eletrobras no futuro para bancar uma bondade fugaz no presente”, observou o Estadão. “O problema é que o futuro um dia chega — momento em que esses recursos, já consumidos para angariar uns votos para Lula, farão falta, pois se destinam justamente a impedir a alta da tarifa. Logo, salvo uma nova gambiarra, a conta de luz, pouco depois da presumível queda, vai subir.”
Gabriel de Souza é estagiário da Revista Oeste em São Paulo. Sob a supervisão de Edilson Salgueiro