Nesta quinta-feira (1º), será efetivada a quinta troca de ministério no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ricardo Lewandowski assume o Ministério da Justiça e Segurança Pública no lugar de Flávio Dino, que será ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Desde a redemocratização, algo comum a todos os presidentes é a troca nos titulares das pastas no primeiro ano de mandato. A exceção a essa regra é justamente Lula que, em 2003, manteve o quadro de ministros intacto. Apenas no início do ano seguinte é que o petista fez sua primeira alteração na composição ministerial.
Em 2023, Lula fez arranjos no time de ministros para, principalmente, alocar aliados e consolidar apoio no Congresso Nacional. Contudo, seguindo os desdobramentos dos atos criminosos de 8 de janeiro, o general Gonçalves Dias, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) pediu demissão do cargo.
Em julho, a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, tida como a cota do União Brasil no governo Lula, deixou a pasta após pedir desfiliação do partido alegando “justa causa” por suposto assédio da direção nacional da legenda.
Em seguida, Ana Moser e Márcio França, ministros do Esporte e de Portos e Aeroportos, respectivamente, foram substituídos por André Fufuca, do Progressistas, e Silvio Costa Filho, do Republicanos, na “minirreforma ministerial” de setembro.
Para realocar França, Lula criou o Ministério do Empreendedorismo, Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e renomeou o aliado. Já Moser foi nomeada conselheira fiscal do Serviço Social do Comércio (Sesc) em novembro.
- José Sarney (1985): 2
- Fernando Collor (1990): 2
- Itamar Franco (1992-1993): 7
- Fernando Henrique Cardoso (1995)*: 1
- Lula (2003)*: Sem trocas
- Dilma (2011)*: 9
- Michel Temer (2016-2017): 7
- Jair Bolsonaro (2019): 3
- Lula (2023): 5
* = FHC, Lula e Dilma renovaram parte da equipe ministerial no ato de posse para o segundo mandato (em 1999, 2007 e 2015, respectivamente), além de terem feito mudanças por diferentes motivos no decorrer destes anos.
José Sarney (1985)
Após tomar posse em 15 de março de 1985, Sarney promoveu sua primeira mudança na Esplanada em maio, quando decidiu indicar o ministro da Cultura, José Aparecido de Oliveira, para governar o Distrito Federal.
Três meses depois da saída de Oliveira, o ministro da Fazenda, Francisco Dornelles pediu demissão do cargo por divergências na política econômica do governo, que não conseguia conter a alta inflação. Com isso, Sarney foi obrigado a mexer pela segunda vez no comando de seus ministérios naquele ano.
Fernando Collor (1990)
Primeiro presidente eleito democraticamente desde João Goulart, Collor teve sua primeira baixa na equipe ministerial duas semanas após a posse. Joaquim Roriz, ministro da Agricultura, pediu para deixar o cargo a fim de disputar as eleições para o governo do Distrito Federal — ele venceu a disputa.
José Bernardo Cabral, ministro da Justiça, acumulou a função de Roriz até Collor nomear o novo ministro no início de abril. Cabral deixou a Justiça em outubro de 1990, dando lugar a Jarbas Passarinho e marcando a segunda troca de Collor no primeiro ano de mandato.
Itamar Franco (1992-1993)
Consumado o afastamento de Collor da Presidência, seu vice, Itamar Franco, foi empossado em 29 dezembro de 1992 com a missão de lidar com a inflação que ultrapassava os 1.000% no acumulado anual – a chamada hiperinflação.
E o primeiro ministro a deixar o governo recém-formado foi Gustavo Krause, da Fazenda, motivado pela aproximação do presidente com economistas que tinham teses opostas às suas. Itamar nomeou seu então ministro das Relações Exteriores, Fernando Henrique Cardoso, para o lugar de Krause.
Em um rearranjo da equipe ministerial, Itamar escolheu Celso Amorim – atual assessor-chefe da Assessoria Especial da Presidência da República – para suceder FHC no Itamaraty.
Em agosto de 1993, oito meses após a posse de Itamar, foi a vez de Jamil Haddad deixar o Ministério da Saúde. Henrique Santillo foi o escolhido para substituí-lo na pasta, permanecendo até a transição para o governo seguinte.
Fernando Henrique Cardoso (1995 e 1999)
Eleito pelo PSDB em 1994, FHC fez somente uma mudança no time ministerial em seu primeiro ano de mandato. Mauro José Miranda Gandra, ministro da Aeronáutica, caiu em novembro de 1995 após ter seu nome mencionado em um suposto esquema de tráfico de influência no Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam).
Ao tomar posse para seu segundo mandato em 1999, FHC promoveu uma série de mudanças na Esplanada. Além disso, o chefe do Executivo criou o ministério da Defesa, empossando Élcio Álvares como titular da pasta.
Lula (2003 e 2007)
Contrariando seus antecessores, Lula não promoveu nenhuma troca na chefia de seus ministérios no primeiro ano de mandato. Roberto Amaral, à frente da pasta de Ciência e Tecnologia, foi o primeiro a desembarcar do governo, em janeiro de 2004.
Com pouco apoio político para permanecer no cargo, ele saiu logo antes da primeira reforma ministerial realizada pelo presidente.
Em 2007, no entanto, em meio a um cenário político mais agitado, Lula fez 11 trocas no primeiro ano de seu segundo mandato na Presidência.
Dilma Rousseff (2011 e 2015)
A ex-presidente realizou sua primeira troca em junho de 2011, quando o então ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, pediu demissão depois de quase um mês de crise política no governo, causada por questionamentos acerca de sua evolução patrimonial e suspeitas de tráfico de influência na sua atividade como consultor.
Ao longo de 2011, Dilma efetuou ainda outras oito trocas em pastas como Defesa, Esporte, Trabalho e Emprego, Pesca e Aquicultura, entre outras.
Quatro anos depois, Dilma escolheu 20 novos nomes para ocupar os seus 39 ministérios no início do segundo mandato. No decorrer de 2015, a presidente fez outras dez trocas nas pastas.
Michel Temer (2016-2017)
Com Dilma afastada do cargo e Temer ocupando interinamente a Presidência, o emedebista teve de fazer sua primeira mudança na equipe ministerial antes do julgamento da petista no Senado Federal.
Em maio, o então ministro do Planejamento e senador licenciado, Romero Jucá, teve uma gravação revelada em que sugeria “um grande acordo nacional” entre representantes dos Três Poderes para “estancar a sangria” causada pela Operação Lava Jato.
Poucos meses depois, um novo escândalo obrigaria Temer a mexer novamente nos seus ministérios. Geddel Vieira Lima, ministro-chefe da Secretaria de Governo, foi acusado de tráfico de influência pelo então ministro da Cultura, Marcelo Calero.
Temer mudou o comando de outras cinco pastas até maio de 2017, tendo inclusive indicado seu ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, para o ocupar a vaga de Teori Zavascki no STF depois da morte do ministro em um acidente aéreo.
Jair Bolsonaro (2019)
O primeiro ministro a perder o cargo durante o governo de Bolsonaro foi Gustavo Bebbiano, que ocupava a Secretaria-Geral da Presidência. Ele foi demitido em fevereiro de 2019, 49 dias após tomar pose.
Pouco tempo depois, Ricardo Vélez Rodriguez e o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ministros da Educação e da Secretaria de Governo, respectivamente, foram demitidos pelo ex-mandatário.
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