As recentes derrotas no Congresso Nacional fizeram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitir a falta de apoio para barrar pautas de costumes. Em uma reunião nesta quarta-feira, 29, o petista reconheceu que o governo tem obtido vitórias em questões econômicas, mas enfrenta dificuldades em temas ligados a valores morais.
Na ocasião, o presidente estava reunido com o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e com políticos da base aliada: o senador Jaques Wagner (PT-BA), o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) e o deputado José Guimarães (PT-CE).
Reuniões semanais entre Lula e os líderes do governo
Para tentar melhorar sua articulação, Lula decidiu que fará reuniões semanais com o grupo todas as segundas-feiras. Padilha e os líderes do governo já costumam se encontrar no início da semana com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Durante o encontro, Randolfe e Jaques Wagner minimizaram as derrotas. Eles afirmaram que isso já era esperado, por causa do perfil conservador que há no Congresso.
“Estamos num período onde a política não é mais a política que a gente conhecia há oito, dez anos atrás”, disse Jaques Wagner a jornalistas. “A política está totalmente bipolarizada, fanatizada. E alguns já estão em campanha eleitoral para 2026.”
No Planalto, há a percepção de que o orçamento impositivo das emendas parlamentares enfraqueceu o poder de negociação do governo.
Centrão defende as pautas de costume
Parlamentares da base governista acreditam que o centrão tenta se alinhar com apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em pautas de costumes, para obter ganhos políticos nas eleições municipais de outubro.
Randolfe Rodrigues afirmou que, “no momento atual, existe um núcleo político que tem a confiança do presidente da República”. Ele destacou que a articulação política deve pertencer ao governo e à confiança do presidente.
Na noite da terça-feira 28, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que Lula se esforçou, mas que é difícil mudar a posição dos parlamentares depois de votações expressivas.