A presidente da Federação Inglesa de Futebol (FA), Debbie Hewitt, acusou Luis Rubiales de tocar inapropriadamente em jogadoras inglesas na final da Copa do Mundo Feminina. As alegações tornaram-se públicas nesta quarta-feira (6), depois de a Fifa ter publicado as razões para proibir o ex-presidente da Real Federação Espanhola de Futebol de “todas as atividades relacionadas com o futebol” durante três anos, uma decisão tomada em outubro.
Hewitt, que esteve ao lado de Rubiales na cerimônia de entrega das medalhas após a decisão do Mundial, fez uma série de afirmações.
De acordo com a Fifa, Hewitt disse que Rubiales “agarrou e acariciou o rosto da jogadora inglesa Laura Coombs, o que [a presidente da FA] achou um pouco estranho, e então aparentemente beijou à força a jogadora inglesa Lucy Bronze na cara”.
Hewitt acrescentou que “se sentiu profundamente desconfortável e envergonhada” pela forma como Rubiales cumprimentou as jogadoras espanhola. Ela também observou que Rubiales beijou a jogadora espanhola Jennifer Hermoso “completamente e com força na boca”, o que a deixou “um pouco surpresa”, pois ficou claro para Hewitt que o incidente não foi consensual.
“A agressão e a força pareciam inadequadas e fora do personagem”, acrescentou Hewitt.
Rubiales, de 46 anos, descreveu o beijo como “mútuo”, afirmação que Hermoso negou, dizendo que não deu consentimento e não foi respeitada. Em sua resposta, de acordo com a Fifa, Rubiales disse que era “nojento” que Hewitt o descrevesse como “uma espécie de canalha”, acusou-a de “mentiras descaradas” e de “falar por ignorância”, e afirmou ainda que sua declaração geral “não um desserviço à sua posição como presidente da Federação Inglesa”.
Nas suas conclusões, a Fifa rejeitou a avaliação de Rubiales, dizendo que não tinha motivos para duvidar das observações de Hewitt. A entidade também observou que em nenhum momento Rubiales se desculpou explicitamente por suas ações, mas simplesmente afirmou que elas “não deveriam ter acontecido”.
Rubiales também foi visto agarrando suas partes íntimas enquanto comemorava a vitória da Espanha, segundo a decisão. O painel disciplinar classificou o comportamento de Rubiales como “imperdoável e inaceitável”.
O Comité sublinhou que “foi tentado a impor sanções mais severas tendo em conta a gravidade dos incidentes em causa, bem como o profundo impacto negativo que as ações dos arguidos tiveram na imagem da Fifa, do futebol feminino e do esporte feminino em geral”.
“No entanto, e mesmo com grandes dúvidas, a Comissão Disciplinar considerou que a imposição de tal medida teria o necessário efeito dissuasor sobre o arguido.”
Rubiales está atualmente sob investigação pelos “crimes de agressão e coerção sexual”, num caso iniciado pelo Ministério Público espanhol. Ele renunciou em setembro à Real Federação Espanhola de Futebol, após semanas se recusando a renunciar.
Luis Rubiales compareceu ao tribunal no mês passado, e os promotores espanhóis disseram que o ex-dirigente respondeu às perguntas do juiz e de todas as partes envolvidas e negou as acusações. Em resposta à sua suspensão de três anos, Rubiales disse nas redes sociais em outubro que iria recorrer da decisão da Fifa “para que a justiça seja feita e a verdade apareça”.
(Sammy Mncwabe contribuiu com esta reportagem)
