sexta-feira, junho 6, 2025
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Lucro dos planos de saúde totaliza R$ 6,9 bi no 1º trimestre

As operadoras de planos de saúde médico-hospitalares no Brasil registraram lucro líquido de R$ 6,9 bilhões no primeiro trimestre de 2025. O número é mais que o dobro dos R$ 3,1 bilhões apurados no mesmo período de 2024, conforme dados divulgados nesta terça-feira, 3, pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Esse é o maior lucro registrado entre janeiro e março desde o início da série histórica da ANS, em 2018. O recorde anterior é de 2019, com R$ 3,9 bilhões.

Segundo a ANS, o resultado “consolida a recuperação do resultado operacional” do setor, que alcançou R$ 4,4 bilhões — também o maior valor já registrado para o período. Esse indicador representa a diferença entre receitas e despesas diretamente ligadas à assistência, desconsiderados os ganhos financeiros.

Lucro dos planos de saúde totaliza R$ 6,9 bi no 1º trimestre
Resultado líquido do setor no primeiro trimestre de 2025 é o maior da série histórica, desde 2018

De acordo com Jorge Aquino, diretor da ANS, o bom desempenho é reflexo da recomposição de receitas e de maior equilíbrio nas despesas assistenciais. “Nosso compromisso segue sendo o de fornecer informações cada vez mais qualificadas e acessíveis para toda a sociedade”, afirmou. 

Somados os planos médico-hospitalares, odontológicos e as administradoras de benefícios, o lucro líquido total foi de R$ 7,1 bilhões no primeiro trimestre. A cifra é 114% mais alta em relação aos R$ 3,3 bilhões do mesmo período de 2024 e o maior patamar da série histórica, sem ajuste pela inflação.

As administradoras de benefícios atuam como intermediárias entre operadoras e consumidores, mas não gerenciam diretamente os planos.

O setor de planos de saúde enfrenta críticas frequentes dos consumidores, em relação a questões como o cancelamento de contratos e reajustes de mensalidades. Já as operadoras lamentam o aumento dos custos devido à incorporação de novas tecnologias, associada ao envelhecimento da população, que eleva a demanda por atendimentos.

Para Marina Paullelli, coordenadora do programa de saúde do Instituto de Defesa do Consumidor, os dados da ANS desmentem a alegação de risco econômico. Ela critica práticas abusivas, especialmente em planos coletivos, marcados por reajustes elevados e cancelamentos injustificados. 

Marina também observa que a judicialização ocorre, em geral, quando os consumidores não conseguem resolver seus problemas com as operadoras ou diante de situações urgentes. “Na maioria dos casos, as pessoas consumidoras iniciam uma ação judicial quando não tiveram sucesso na resolução do problema diretamente com a operadora ou em casos de urgência e emergência”, disse ela ao jornal Folha de S. Paulo.

Foto: Reprodução/ANS

A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) avaliou positivamente a recuperação do setor, mas pondera que o lucro de R$ 6,9 bilhões representa uma margem de apenas 8,6% no trimestre e de 4,4% nos últimos 12 meses. Segundo a entidade, o retorno sobre o patrimônio (ROE) ficou em 10,1%, abaixo de outros segmentos regulados, como energia elétrica (14,87%), saneamento (16,2%) e mineração (24,48%).

OAB critica conduta de operadoras de planos de saúde

Na última segunda-feira, 2, a Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo manifestou preocupação com o que classifica como “descumprimento sistemático de decisões judiciais” por parte das operadoras. A entidade criticou o uso das multas judiciais como custo operacional, muitas vezes inferior ao custo de cumprir as obrigações impostas pela Justiça.

Segundo a FenaSaúde, os custos com judicialização diminuíram no primeiro trimestre, mas ainda representam cerca de 10% do lucro líquido das operadoras. A entidade destacou que a recuperação do setor se deve a esforços de gestão, como controle de despesas, renegociação de contratos, reajuste de preços e combate a fraudes e desperdícios — medidas consideradas essenciais para restaurar o equilíbrio financeiro.



Via Revista Oeste

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