O Tribunal Superior de Justiça de Londres autorizou o australiano Julian Assange, de 52 anos, a recorrer contra sua extradição para os Estados Unidos. O fundador do WikiLeaks pode ser condenado a uma pena de 175 anos por vazar 600 mil documentos confidenciais do governo norte-americano desde 2010. Esta decisão representa uma vitória para o acusado, que deseja ser julgado no Reino Unido.
Um dos conteúdos divulgados por Assange inclui um vídeo que mostra soldados norte-americanos matando 18 civis de um helicóptero no Iraque. Além disso, outros documentos revelaram assassinatos de civis, incluindo jornalistas, e abusos por autoridades dos EUA e de outros países.
Oficiais estadunidenses argumentaram que as divulgações ameaçavam vidas ao expor identidades de colaboradores dos militares no Oriente Médio. Em 2019, o Departamento de Justiça dos EUA classificou o ato do WikiLeaks como “um dos maiores vazamentos de informações confidenciais na história dos Estados Unidos”.
Argumentos e defesa em tribunal
Na defesa de Assange, seu advogado, Edward Fitzgerald, declarou no tribunal que seu cliente estava sendo processado por uma prática jornalística comum, que é obter e divulgar informações confidenciais que são verdadeiras e de grande interesse público.
Por outro lado, Clair Dobbin, advogada que representa os Estados Unidos, acusou Assange de publicar nomes de indivíduos que serviram como fontes para os Estados Unidos.
Desenvolvimentos no processo de extradição
Em relação às decisões judiciais anteriores, em janeiro de 2021, um tribunal britânico inicialmente negou o pedido de extradição dos EUA. Contudo, uma apelação americana resultou na anulação dessa decisão em dezembro de 2021, o que facilitou a extradição. No início de 2022, um novo pedido de extradição dos EUA foi rejeitado pela justiça britânica, que considerou o risco de suicídio de Assange.
Condições de detenção e saúde de Assange
Quanto à prisão e saúde de Assange, ele estava detido na Inglaterra desde 2019, após ter passado sete anos na embaixada do Equador em Londres, onde se refugiou para evitar a extradição por acusações de agressão sexual na Suécia, posteriormente retiradas.
Antes do julgamento, sua sua, Stella Assange, mostrou preocupação com o estado de saúde deteriorado do australiano. Ela alertou que a vida dele em risco diário enquanto permanecesse preso. Também disse que ele poderia morrer se extraditado.