Recentemente, o Instituto de Tecnologia Rochester (RIT), nos EUA, recebeu como doação dois livros de astronomia da era renascentista – e um deles parece ser um palimpsesto (como são chamados os pergaminhos ou papiros cujos conteúdos originais foram apagados para reaproveitamento do material em obras novas).
Alguns desses textos eram impressos em velino – um material muito caro na época, feito de peles de bezerros ou cordeiros. Por isso, muitas vezes, por uma questão de economia, os pergaminhos eram apagados e reutilizados.
Especialistas suspeitam que um texto mais antigo esteja escondido sob as palavras do livro doado – uma versão do século 15 da obra “De sphaera mundi” (Sobre a Esfera do Mundo), do estudioso e monge do século 13 Johannes de Sacrobosco, que colocava a Terra como o centro do Universo, seguindo um modelo sugerido 12 séculos antes pelo astrônomo alexandrino Cláudio Ptolomeu.
De acordo com um comunicado do RIT, estudantes e professores de ciências da imagem da instituição tentarão decifrar as palavras apagadas.
Primeiro livro de astronomia que coloca o Sol em posição central
O outro livro doado é uma famosa obra do astrônomo polonês Nicolau Copérnico, de 1543, na qual ele mostrou, por provas matemáticas e observações do céu, que o Sol – e não a Terra – é o centro do Sistema Solar, gerações antes de o telescópio ser inventado no início do século 17.
Juntas, essas obras demonstram a rapidez com que a astronomia mudou no Renascimento.
No século 16, Copérnico fazia parte de um grupo crescente de astrônomos convencidos de que o Sol está no meio das coisas, desafiando as crenças da sociedade (e da Igreja Católica) em um cosmos centrado na Terra.
Mas o modelo centrado no Sol proposto por ele é bem diferente da realidade. Copérnico não pensava que os planetas se moviam em elipses, mas em círculos perfeitos. Além disso, ele defendia que a nossa estrela hospedeira seria o centro do Universo.
De qualquer forma, seu trabalho foi (e continua sendo) de extrema importância como base para outras pesquisas que ajudaram a compreendermos o espaço que nos cerca.