O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), defendeu a aprovação de um projeto de “reciprocidade econômica” depois de o CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, suspender a compra de carne de países do Mercosul.
A rede de supermercados passou a sofrer um boicote por parte de frigoríficos, hotéis, bares e restaurantes brasileiros. A fala do CEO do Carrefour chegou a gerar desconforto diplomático entre Brasil e França.
Nesta terça-feira, 26, a rede varejista disse que vai continuar comprando a carne brasileira como faz “há 50 anos”, e que a fala de Bompard não vai mudar “as regras de um mercado francês já muito estruturado nas suas cadeias de abastecimento locais”.
“Nossa declaração de apoio à comunidade agrícola francesa, formulada na quarta-feira passada, sobre o acordo de livre comércio com o Mercosul, causou desentendimentos com o Brasil e é nossa responsabilidade resolver”, disse o texto.
Por fim, a nota do Carrefour acrescentou: “Do outro lado do Atlântico, compramos quase toda a nossa carne brasileira do Brasil e continuaremos a fazê-lo”.
Lira critica posicionamento do Carrefour
Arthur Lira definiu como “fraca” a reparação emitida pelo Carrefour depois do boicote sofrido pela empresa em decorrência do anúncio feito por Alexandre Bompard. Ele disse que o protecionismo francês é “burro”.
“Não obstante, no meu ponto de vista, a carta foi muito fraca dado o estrago de imagem que produziu”, declarou. “Não podemos minimizar o que aconteceu. É uma escalada de narrativas falsas sobre a produção brasileira.”
“A coisa mais correta nesse momento é combater a desinformação que deve ser crescendo por parte desse protecionismo que é burro. Porque no que diz respeito às nossas commodities principais, a França não é um parceiro atraente para o Brasil. Não vai modificar em nada a vida dos produtores das exportações brasileiras. Qualquer falta de vontade dos franceses em contato com o produto brasileiro.”
Nesse sentido, Lira defendeu uma proposta de reciprocidade econômica. Trata-se do Projeto de Lei (PL) 1.406/2024, o qual determina que o governo brasileiro não pode assinar acordos internacionais que possam representar restrições discriminatórias ao comércio internacional de produtos brasileiros.
De autoria do deputado Tião Medeiros (PP-PR), o projeto sinaliza que “não há isonomia nas políticas ambientais entre o Brasil e os países com os quais se relaciona” e que, por isso, existe a necessidade de se preservar o interesse nacional com a promoção do “equilíbrio nas relações internacionais de meio ambiente”
“A proposta incorpora novos dispositivos com o objetivo de assegurar tratamento justo e isonômico nas relações comerciais internacionais, especialmente em relação às exigências ambientais que podem afetar as exportações brasileiras”, argumentou o parlamentar.