domingo, novembro 24, 2024
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Líder do MST, Stédile critica Lula por ineficácia na reforma agrária

Um dos fundadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, criticou a falta de atuação do governo Lula para acelerar a reforma agrária no Brasil. Ele e o presidente são aliados. 

Reforma agrária é o termo usado para se referir à redistribuição de terras em um Estado. Essa prática nasceu supostamente para garantir a democratização do acesso à terra, mas, para isso, é necessário uma desapropriação.

Em entrevista ao site O Joio e o Trigo, publicada na quinta-feira 6, o líder do movimento classificou como “vergonhosa” a inércia dos primeiros 14 meses de Lula. 

“É uma vergonha, não está fazendo nada na reforma agrária”, disse Stédile. “Já estamos há um ano e meio de governo, não avançamos. Desapropriação não avançou. O crédito para os assentados não avançou, nem o Pronera [Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária].”

O MST atuou assiduamente para a eleição de Lula em 2022. Mesmo com a insatisfação sobre a reforma agrária, Stédile reforçou a necessidade da defesa do presidente contra a oposição. Esses inimigos seriam, segundo ele, as multinacionais, o capital financeiro, o latifúndio “predador” e parte do agronegócio. 

“Queremos defendê-lo frente aos seus inimigos”, disse o líder do MST. “Agora, o governo como um todo está aquém da nossa expectativa, da classe trabalhadora em geral.”

MST atual defende outro tipo de reforma agrária

Cerca de 18 mil militantes participam da marcha de encerramento do 5º Congresso do MST - 14/6/2007 | Foto: Wilson Dias/Agência Brasil governo lula
Antes defensor da ‘reforma agrária clássica’, MST propõe ‘reforma agrária popular’ | Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Ainda na entrevista, João Pedro Stédile explicou que o MST passou por uma mudança na forma que defende a reforma agrária. Antes, o movimento entendia ser necessária a “reforma agrária clássica”, enquanto atualmente propõe a “reforma agrária popular”. 

“A reforma agrária clássica se propõe a democratizar a propriedade da terra”, disse o líder do MST. “Ela ainda busca eliminar o latifúndio e transformar os camponeses em produtores de mercadorias para o mercado interno.”

Para Stédile, a ação do Estado é inviabilizada pela falta de aliança entre a “burguesia industrial” e os “camponeses”. Nesse sentido, a subordinação da burguesia ao capital estrangeiro não permitiria a aproximação com o campo. 

“A essência da reforma agrária popular é que ela coloca no centro não mais o trabalho do camponês, mas a produção de alimentos para toda a sociedade”, explicou Stédile. “Ela coloca no centro o respeito à natureza e o desenvolvimento de agroindústrias, mas na forma cooperativa. E evidentemente que, para ela se realizar de uma forma universal no Brasil, ela teria que conjugar um governo popular e um movimento camponês forte.”  

MST invade órgãos e pressiona governo

Protesto do MST em Maceió (AL) acabou com invasão da sede do Incra Foto: Reprodução/Via Twitter (X) @MST_Oficial
Invasores do MST em Maceió (AL) protestaram da sede do Incra | Foto: Reprodução/Twitter/X @MST_Oficial

No mesmo dia da entrevista de João Pedro Stédile, em 6 de junho, o MST invadiu a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Maceió, capital de Alagoas. Cerca de 300 pessoas, entre MST, Comissão Pastoral da Terra e Frente Nacional de luta estiveram envolvidas na ação. 

Essa foi a segunda invasão do órgão neste ano. Em ambas, os invasores protestaram contra a nomeação de Junior Rodrigues do Nascimento para o cargo de superintendente do Incra. Ele foi indicado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). 

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“O órgão continua sob domínio de grupos políticos contrários à reforma agrária e, por isso, as demandas referentes a essa pessoa permanecem paralisadas”, afirmou o movimento, em nota. 

Em 17 de abril, o MST invadiu outra sede do Incra, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. A motivação foi a mesma: pressão a favor da reforma agrária.

Via Revista Oeste

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