O lendário Alexandre, o Grande, antigo rei da Macedônia e faraó egípcio, aproveitou muito a honraria macedônica de se vestir inteiramente de roxo. Historiadores creem que Alexandre usou a vestimenta sempre que podia e, agora, um novo estudo aponta que, finalmente, uma das vestimentas mais icônicas do rei macedônico pode ter sido encontrada.
O autor grego antigo Eohippus de Olynthus relata que Alexandre usava roxo quase todos os dias e, raramente, deixava a vestimenta, similar a uma túnica, em seus aposentos.
Chamada de chiton ou sarapis, ela parece ter sido encontrada com outros itens do monarca macedônico que estavam no túmulo de seu meio-irmão, Filipe III Arrideu.
Detalhes da descoberta e do túmulo onde estavam as coisas de Alexandre, o Grande
- O chamado Grande Túmulo de Vergina, que se encontra no norte da Grécia, foi escavado originalmente em 1977;
- O local reúne os restos mortais de diversos parentes de Alexandre, contudo, precisou aguardar até o final de 2023 para que as identidades fossem confirmadas;
- Como relata o IFLScience, houve um interesse especial no sepultamento conhecido como Túmulo Real II, que tem um baú dourado (chamado larnax) que possui os ossos de Filipe III, armaduras e objetos de Alexandre;
- Entre tais itens, está, adivinhe: um material roxo e branco que pensavam ter sido utilizado para envolver os ossos de Arrideu;
- Mas, durante novo estudo da peça, feito por Antonis Bartsiokas, da Universidade Demócrito da Trácia (Grécia) concluiu algo totalmente oposto.
O pesquisador revisou várias análises moleculares e microscópicas do tecido e chegou à conclusão de que, na verdade, trata-se de um tecido de algodão tingido de roxo com parte central branca, possível mente branqueada com o mineral huntita.
Segundo Bartsiokas, “a descrição física se encaixa exatamente na descrição nas fontes antigas do sagrado mesoleucon sarapis persa que pertenceu ao faraó e ao rei Alexandre, o Grande”. O pesquisador foi além, dizendo que a peça é “o objeto mais precioso da antiguidade”. O novo estudo foi publicado no Journal of Field Archaeology.
Mesmo assim, o debate continua
Apesar da alegação de Bartsiokas, os Túmulos Reais de Vergina seguem sendo amplamente debatidos entre acadêmicos, portanto, o novo estudo deverá ser igualmente discutido e até refutado por alguns.
Procurando diminuir essas hipóteses e encorpar seu argumento, o pesquisador grego ressalta que o Túmulo II é adornado com friso que representa Alexandre vestindo o mesmo manto encontrado no larnax de seu meio-irmão.
Além disso, é possível dizer que se trata de Alexandre, o Grande porque a figura também usa um chapéu roxo conhecido como kausia. Ele apresenta um diadema e somente a realeza macedônica tinha o direito de utilizá-lo.
Na imagem, Alexandre é retratado caçando um leão, pronto para dar o golpe fatal, e sempre envolto no famoso chiton roxo.
Em suma, apesar de o local de descanso final de Alexandre ainda ser desconhecido, Bartsiokas aponta que suas roupas icônicas acabaram sendo enterradas com Filipe III Arrideu, morto em 316 a.C. e último rei da dinastia Argéada. Por sua vez, seu meio-irmão (bem) mais famoso morreu em 323 a.C., na Babilônia.