Nesta quinta-feira (16), foi lançada a série Anderson Spider Silva, obra realizada pela plataforma de streaming Paramount+ que retrata a vida do lutador brasileiro de UFC.
A série conta não só a história de Anderson dentro dos octógonos e no esporte, mas também a vida pessoal e familiar do atleta paulistano. Desde a adolescência em que precisava lutar para se defender de agressões e limpava vidros de uma academia de luta para poder participar das aulas até se tornar o maior lutador de UFC do Brasil.
“Não é uma série sobre luta nem sobre o Anderson, é sobre amor, sobre o poder de uma família negra. É sobre uma família preta e estruturada. Diferente do que estamos acostumados a ver. Não é por ser minha história, mas é linda e emocionante demais. Chorei o processo inteiro e chorei em todos os episódios”, contou Anderson.
O lutador foi também produtor executivo da série. Não esteve presente nos sets de gravação, mas fez parte de todo o processo de criação com os roteiristas e com o diretor Caito Ortiz.
“Conversamos o tempo inteiro com ele. A gente combinou desde o início que seria uma série sobre família. Levantamos oito lutas principais e marcantes para ele e escolhemos cinco delas para mostrar nos episódios da série. Cada luta marca muito uma fase da vida dele”, contou o roteirista Martom Olympio.
Martom explicou ainda: “Cada episódio mostra uma que faz um paralelo com o tema do episódio. Chamamos de lutas temáticas Na primeira luta ele enfrenta um sistema branco, racista, na segunda ele descobre os ‘poderes’ como lutador. E até a última luta, que ele não ganha, porém se torna mestre”.
Susan Kalik, também roteirista da obra, explica a ótica diferente pela qual o espectador irá enxergar Anderson Silva ao assistir à trama.
“A gente tem a representação de uma família preta unida que é vitoriosa porque se ama, não porque sobrevive. A gente está vendo chegar às pessoas uma história além da história de um lutador, que a gente já conhece. Estamos contando a história dessa família e dessa pessoa Anderson. Existe uma luta (interna) entre Spider e Anderson o tempo todo”, conta.
Segundo o Caito Ortiz, a parte mais difícil do processo foi encontrar o ator que representasse Anderson Silva. A escolha de William Nascimento foi marcante para a equipe e para Anderson.
“A gente pensou ‘quem vai conseguir ter a dureza e a alegria dele? Não tem ninguém’. O Anderson estava presente quando a gente decidiu que seria o William Nascimento. Foi uma comoção geral, nós nos emocionamos muito”, conta.
William Nascimento, ator que interpreta Anderson Silva na fase adulta, conta que teve uma relação muito boa com o lutador, conversou com ele durante todo o processo e teve aulas intensas de luta: “Ele foi fundamental, eu conversava muito com ele. Ele pediu para que eu tivesse bastante postura, cabeça erguida, nós dois nos demos muito bem, foi incrível”.
Anderson revelou que a série mostra um outro lado do atleta, mas que não foi tão fácil digerir a ideia.
“Bateu um medo de fazer a série, mas alguns acontecimentos na comunidade mundial foram surgindo, então senti a responsabilidade e percebi que era a hora de mostrar um lado meu que as pessoas não conhecem. Essa parte da família vai ajudar a pavimentar essa estrada que muitos fizeram antes de mim”, explicou.
O cantor Seu Jorge interpreta Benedito, tio que criou Anderson Silva, e se orgulhou ao lembrar da trajetória do lutador e de tudo o que ele representa para a comunidade negra do país.
“O Anderson parava o país. O país não estava olhando para a cor dele, estava olhando para o que ele significava. Todos ficavam muito orgulhosos, nós, pretos, muito mais. O Pelé sempre foi uma figura que representava o povo preto, mas era exceção. Anderson foi um grande herói de algo improvável. O MMA surgiu com muitas críticas pelo teor do contato da luta. Anderson trazia a ginga e saía com a cara inteira. Pessoal percebeu que não era tão ruim assim”, conta.
Além De Atuar, Seu Jorge também é responsável pela música-tema, uma versão de “Ain’t No Sunshine”, de Bill Withers.