O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disse, em entrevista ao jornal O Globo, que a reconstrução do Estado está sendo liderada pelos próprios gaúchos.
A declaração foi dada por Leite ao ser perguntado se o presidente Lula deveria ter sido mais cuidadoso ao nomear Paulo Pimenta para a Secretaria Extraordinária para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul.
“A reconstrução é liderada e coordenada pelos próprios gaúchos que têm um governo constituído”, disse Leite. “Se [a pasta] se propõe a ser apoio à reconstrução, é muito bem-vindo.”
O governador também destacou que o presidente tem legitimidade para apresentar “o nome que ele entenda pertinente” para o órgão. “Da minha parte, busquei um perfil técnico para a minha secretaria de reconstrução recém-criada”, acrescentou.
Durante a entrevista, Leite também falou sobre as críticas de seu partido sobre a politização da tragédia no Rio Grande do Sul. Segundo ele, seu papel como governador não é fazer análises políticas.
“Tenho muitas diferenças ideológicas e programáticas com o ministro Pimenta e com o presidente Lula, mas não vou deixar que isso supere a necessidade de agirmos em coordenação para atender uma população que está sofrendo muito”, afirmou. “A politização não é bem-vinda.”
Na entrevista, o governador também falou sobre algumas medidas tomadas pelo governo Lula para a reconstrução do Rio Grande do Sul, entre elas a contratação de um estudo sobre os diques de Porto Alegre.
“Não sei ainda exatamente quais são os estudos que eles estão fazendo”, disse Leite. “Anunciaram, por exemplo, até um canal para o escoamento das águas na Lagoa dos Patos, o que estudos da Universidade Federal indicam ser de muito difícil execução”, acrescentou.
Leite rebate críticas ambientais
Ao ser perguntando sobre as críticas que tem recebido por mudanças em legislações locais, o governador disse que elas são fruto das disputas políticas e de narrativas.
“De maneira nenhuma há qualquer tipo de ação do governo que tolere a degradação ambiental em favor de promover o crescimento econômico”, afirmou.
Ele comentou ainda a autorização para construção de barragens em áreas de preservação ambiental.
“Isso é permitido no Brasil todo, desde que não haja a possibilidade de fazer o barramento de outra forma.”
Leite afirmou que a legislação federal estabelece essa possibilidade para a geração de energia elétrica e para consumo humano. “Uma prova disso é a autorização da União para a usina de Belo Monte”, concluiu.