O cancelamento do leilão do arroz pelo governo federal foi responsável por movimentar a Esplanada dos Ministérios. Nesta terça-feira, 11, o titular da Secretaria de Políticas Agrícolas do Ministério da Agricultura e Pecuária, Neri Geller, deixou a função.
O anúncio do cancelamento do leilão se deu na manhã desta terça-feira. A decisão por parte do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva partiu em meio a denúncias de irregularidades nos trâmites do processo. Imediatamente, confirmou-se a queda de Geller.
Algumas das empresas vencedoras do leilão — que visava adquirir 300 mil toneladas de arroz — não têm histórico de atuação na produção do grão. Uma, por exemplo, é a Queijo Minas, um minimercado com sede em Macapá (AP). Outra, a saber, é a Icefruit Indústria e Comércio de Alimentos, que se dedica à fabricação de sorvetes.
Há, além disso, a informação de que parte dos lotes arrematados foi intermediado pela Bolsa de Mercadorias de Campo Grande e pela Foco Corretora. As duas empresas pertencem a Robson França, ex-assessor parlamentar de Geller.
À frente do procedimento para o governo comprar arroz importante, mesmo contra a vontade dos produtores do grão no Rio Grande do Sul, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou que fará um novo leilão. O órgão, contudo, não informou a nova data do evento.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, rechaçou a pergunta de um repórter sobre número de empresas não qualificadas que venceram o leilão de arroz.
“Não interessa”, disse o ministro, antes de admitir que a maioria das empresas “tem fragilidades”. pic.twitter.com/S542kRd7Id
— Revista Oeste (@revistaoeste) June 11, 2024
Quem é Neri Geller, que deixa o governo em meio ao leilão da importação de arroz
Neri Geller, de 55 anos, assumiu a Secretaria de Políticas Agrícolas do Ministério da Agricultura e Pecuária em 22 de dezembro do ano passado. A nomeação só ocorreu depois de o Supremo Tribunal Federal absolvê-lo em processo que, supostamente, envolvia omissão de bens em declaração à Justiça.
Por causa do imbróglio jurídico, Geller teve o mandato de deputado federal cassado em 2022. Assim, anulou-se a candidatura dele ao Senado por Mato Grosso.
O cargo de secretário Políticas Agrícolas não foi, contudo, a primeira função de Geller num governo petista. De março a dezembro de 2014, ele foi o ministro da Agricultura e Pecuária em parte da gestão de Dilma Rousseff.
Ex-vereador de Lucas do Rio Verde (MT) e ex-deputado federal, o agora ex-secretário de Políticas Agrícolas do governo Lula já foi preso. Em 9 de novembro de 2018, Geller foi alvo da Operação Capitu, da Polícia Federal. A ação teve o intuito de investigar supostas propinas no Ministério da Agricultura, sobretudo em relação a troca de favores para o frigorífico JBS. A mando da Justiça, no entanto, ele deixou a prisão dois dias depois.