A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, não comparecerá à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, nesta quarta-feira (22), em Brasília. Ela pediu para adiar a participação por conta de compromissos profissionais. O novo depoimento está marcado para acontecer no dia 5 de junho, a partir das 14h, no Anexo II do Senado Federal.
Quem irá depor nesta quarta, a partir das 11h (de Brasília), é o presidente do São Paulo, Julio Casares, além do presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), José Perdiz de Jesus, e o procurador-geral do SJTD, Ronaldo Botelho Piacente.
O presidente do São Paulo falará na condição de testemunha a convite do presidente da CPI, senador Jorge Kajuru (PSB-GO). Na justificativa para o requerimento, o político argumentou que denúncias feitas pelo dono da SAF do Botafogo, John Textor, teriam gravações que indicariam a participação de jogadores do Tricolor na venda de resultados. Julio Casares, no início do mês passado, já repudiou as declarações de Textor.
Segundo o presidente da comissão, Jorge Kajuru, a gestora “pipocou” e agora deixará a condição de convidada como testemunha para depor como convocada. O político chegou a dizer que o caso ficará nas mãos da Polícia Federal.
De acordo com a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), pessoas convocadas têm obrigação de comparecer aos atos chamados pela CPI.
“A presidente do Palmeiras, que foi convocada, pipocou de última hora, alegou que não poderia vir. Então, agora eu vou convocá-la. Ela vem por amor ou por dor. Ela xingou o (John) Textor (dono da SAF do Botafogo) de todos os nomes, e foi ofendida também pelo Textor, que declarou que o Palmeiras foi campeão comprando arbitragens. Só que, até agora, não tem provas disso. Por isso, a Leila não deveria pipocar”, disse Kajuru, em seu programa na Rádio Band News, de Goiânia, nesta terça-feira (21).
“Não tenho nada contra ela, pelo contrário, tenho admiração pela pessoa. Agora, estranhei esse comportamento dela. Uma semana atrás ela estava louca para vir e de repente, 48 horas, cancela sem justificativa? Então, agora vai ser via Polícia Federal. É convocação, minha querida, e pronto, acabou. Enviei o requerimento hoje”, acrescentou.
No comunicado em que remarca a data, no entanto, Leila Pereira foi considerada, pela própria CPI, como uma pessoa que esteve sempre disposta a colaborar, divergindo da fala de Jorge Kajuru.
No início de abril, o dono da SAF do Botafogo divulgou, em seu site oficial, um texto, sem provas ou nomes de participantes, afirmando que cinco jogadores do São Paulo manipularam o resultado da partida com o Palmeiras, pela Série A do Campeonato Brasileiro do ano passado.
Na ocasião, o Tricolor foi goleado por 5 a 0, no Allianz Parque, em duelo válido pela 29ª rodada da competição. Antes dessa partida, o Botafogo ainda era o líder do Brasileirão. Na 28ª rodada, o time carioca tinha 59 pontos, enquanto o Palmeiras era o quarto, com 47.
De acordo com Textor, a manipulação foi 100% confirmada por principais especialistas e também pela inteligência artificial. As provas dessa acusação, desde então, não se tornaram públicas.
No dia 22 do mês passado, o norte-americano foi ouvido pela CPI e reforçou que o Palmeiras foi beneficiado, pedindo investigação ao STJD.
Desde as acusações de Textor, a presidente do Palmeiras adotou duras críticas contra o norte-americano e pediu uma punição exemplar, refutando qualquer envolvimento do time alviverde em manipulações de resultados.
“Se pensarem bem, minhas declarações não são fortes. Eu falo a verdade. No futebol é difícil alguém chegar e falar a verdade. É simples. Não é forte. É aquele negócio filosófico, isso é Nietzsche: ‘o quanto de verdade vocês suportam ouvir’. Eu falo a verdade. Quem é John Textor? É a vergonha do futebol brasileiro, um fanfarrão que tem que ser punido exemplarmente”, disse Leila Pereira.
O Palmeiras também entrou com uma ação no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para que John Textor seja impedido de fazer declarações sem provas contra o clube alviverde.