Lee Jae-myung, do Partido Democrático, venceu as eleições presidenciais na Coreia do Sul. A vitória ocorreu depois de o país asiático passar por uma reviravolta política. O ex-presidente Yoon Suk Yeol sofreu impeachment depois de passar por diversas crises com o Parlamento e de decretar a Lei Marcial por algumas horas em dezembro de 2024.
A Lei Marcial é uma medida excepcional de emergência militar, que pode ser decretada em situações como guerra e conflito armado.
No caso da Coreia do Sul, o ex-presidente decretou a medida ao alegar que ações da oposição constituiriam “comportamento que incitava a rebelião” no país. A decisão, contudo, foi rapidamente revertida diante da resistência dos parlamentares e de grandes protestos.

Crise institucional na Coreia do Sul
Em abril, a Justiça confirmou a destituição de Yoon depois do processo de impeachment e obrigou a realização de novas eleições em até 60 dias. O novo presidente deve assumir o cargo quase imediatamente. Ele vai enfrentar desafios como, por exemplo, as tarifas impostas pelos Estados Unidos, que afetam a economia exportadora sul-coreana.
Outra dificuldade do próximo governo é a baixa taxa de natalidade, uma das menores do mundo. Também há ameaças militares vindas da Coreia do Norte. O impacto da fracassada lei marcial, que deixou o país sem liderança efetiva nos primeiros meses do ano, preocupa a população.
Divisão política no país asiático
O país, com 52 milhões de habitantes, vive um contexto de intensa divisão política desde dezembro. À época, Yoon mobilizou o Exército contra o Parlamento de maioria opositora. Depois de semanas de tensão, foi afastado, acusado de insurreição e destituído pelo Tribunal Constitucional.
Park Dong-shin, eleitor de 79 anos, relatou à agência de notícias AFP que votou “para fazer um novo país”. Ele acrescentou que a lei marcial “foi o tipo de coisa que se fazia nos velhos tempos da ditadura”.
O crescimento econômico do país desacelerou, com aumento da desigualdade, altos índices de suicídio e baixa natalidade. No exterior, a Coreia do Sul enfrenta ameaças da Coreia do Norte e vê a Rússia apoiar militarmente a ditadura norte-coreana. O governo de Donald Trump, por sua vez, questionou o custo de manter tropas norte-americanas no país.

Desafios diplomáticos
O novo governo precisará administrar relações delicadas: de um lado, os EUA exigem alinhamento para conter a China; de outro, os chineses são os principais parceiros comerciais da Coreia do Sul. “Uma crise assustadora e complexa está nos atingindo”, explicou Lee Jae-myung, segundo a AFP.
O novo presidente prometeu reanimar a economia e unir o país, mas seus apoiadores defendem investigações sobre a lei marcial e denúncias contra a família de Yoon.
Kim Mon-soo, derrotado, afirmou que Lee pode se tornar “um monstro” ao abusar do poder. Ele ainda criticou possíveis atos de vingança política. Lee responde a processos judiciais, o que inclui acusações criminais e possíveis violações de leis eleitorais, cuja tramitação durante o mandato presidencial está em debate.
Perfil de Lee Jae-myung e promessas de governo
A trajetória pessoal de Lee Jae-myung inclui infância em favela, trabalho em fábricas durante a adolescência e formação posterior como advogado de direitos humanos. Ele já foi prefeito, governador e líder do maior partido do país, além de disputar a presidência em 2022, quando perdeu para Yoon.
Depois de sofrer perseguição judicial sob o governo anterior, Lee fortaleceu sua imagem entre apoiadores como gestor eficiente e defensor de reformas, como a do Ministério Público, acusado de interferência política.