Todo ano, milhares de pesquisadores divulgam seus currículos pela plataforma Lattes, considerada a principal ferramenta de registro de produção científica e acadêmica no Brasil.
O site, criado nos anos 1980, tinha como objetivo ajudar na seleção de consultores e especialistas para trabalhos científicos no país.
A CNN explica como foi a concepção da plataforma e a história por trás do seu nome, que homenageia um cientista brasileiro.
Mais do que uma plataforma para facilitar o recrutamento, o Lattes surgiu para servir como uma fonte de estatísticas sobre pesquisa científica no Brasil, no final de 1980. À frente do projeto estavam membros do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
No início, o Conselho criou um banco de currículos, com formulário em papel e digitação de dados em sistema informatizado. No fim da década, o órgão já permitia buscas sobre a base de currículos por meio da rede BITNET, versão embrionária da internet. Na época, a base de dados tinha cerca de 30 mil currículos.
Ao longo das décadas seguintes, a plataforma se adaptou às mudanças tecnológicas e passou a utilizar o Windows como sistema operacional. A mudança, mais tarde, facilitaria a criação do Currículo Lattes padronizado, concebido por universitários contratados pelo CNPq.
O Currículo Lattes passou a ser usado por universidades, institutos e centros de pesquisa para avaliação de pesquisadores, professores e alunos. Em 2002, após criar uma versão em espanhol, o CNPq promoveu a padronização e a troca de informações entre países.
A partir dessa novidade, O CNPq licenciou o software gratuitamente e ofereceu consultoria técnica para a implantação do Lattes em outros países da América Latina — na Colômbia, Equador, Chile, Peru e Argentina. Além disso, o sistema foi implementado em Portugal e Moçambique.
O nome da plataforma é uma homenagem ao físico e matemático brasileiro César Mansueto Giulio Lattes. Ele nasceu em Curitiba (PR), em 11 de julho de 1924. Estudou na USP (Universidade de São Paulo) e foi um dos fundadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas.
Lattes concluiu o bacharelado no ano de 1943, aos 19 anos. Depois, com bolsa de estudos paga pela companhia de cigarros Wills, embarcou para a Inglaterra, onde realizou pesquisas na área da física na Universidade de Bristol.
Foi o paraense um dos responsáveis pelo estudo dos mésons que rendeu a Cecil Powell, chefe do laboratório onde ele trabalhava no Reino Unido, o Nobel de Física, em 1950.
Lattes é considerado um dos maiores cientistas brasileiros e, mesmo com o sucesso e os convites para atuar em várias partes do mundo, decidiu voltar ao Brasil para continuar a carreira. Ele faleceu em março de 2005, vitimado por um câncer na bexiga e edema pulmonar.