domingo, outubro 6, 2024
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Kilonova de milhões de anos pode ser fonte de plutônio na Terra

Cientistas encontraram pistas surpreendentes no fundo dos oceanos, apontando para eventos cósmicos de impacto na Terra há milhões de anos. Isótopos radioativos encontrados em sedimentos marinhos sugerem algo mais raro e poderoso do que as conhecidas supernovas: a fusão de estrelas de nêutrons, também conhecida como kilonova.

Liderado por pesquisadores da Universidade de Trento, na Itália, o estudo revela a presença de elementos incomuns, como plutônio-244 e ferro-60, em camadas sedimentares datadas de três a quatro milhões de anos atrás. Esses elementos são frutos da explosão de estrelas, sendo o ferro comum e estável, enquanto o plutônio-244 é altamente raro e radioativo.

A descoberta desafia a ideia anterior de que tais elementos só poderiam ser originados por supernovas. Eles argumentam que a colisão entre duas estrelas de nêutrons ocorrida há milhões de anos a centenas de anos-luz da Terra é a fonte mais provável desses elementos.

Representação artística de duas estrelas de nêutrons se fundindo, um processo chamado kilonova, que pode ter ocorrido bem perto da Terra entre 3,5milhões e 4,5 milhões de anos atrás. Crédito da imagem: Universidade de Warwick/Mark Garlick (CC BY 4.0)
Crédito da imagem: Universidade de Warwick/Mark Garlick (CC BY 4.0)

Escassez de dados de kilonovas dificulta comprovação da origem do plutônio 

Os cientistas explicam que, quando duas estrelas de nêutrons se chocam, ocorrem dois processos distintos de propagação de materiais. Isso pode ter criado a ilusão de dois eventos separados, confundindo a interpretação dos dados anteriores.

A equipe de pesquisa analisou minuciosamente o padrão de distribuição dos elementos pesados encontrados nos sedimentos. Concluíram que o plutônio se formou a partir da ejeção dinâmica, enquanto o ferro foi produzido pelo vento de onda espiral resultante da fusão estelar.

Entre os desafios dessa análise está a escassez de observações de kilonovas, o que dificulta a confirmação da teoria. Além disso, o modelo proposto indica que a Terra precisaria estar numa posição específica em relação à colisão das estrelas, recebendo materiais de determinadas latitudes.

Se essa fusão estivesse mais próxima, as consequências para a Terra teriam sido desastrosas. Segundo os cientistas, uma fusão estelar a menos de 36 anos-luz poderia resultar em uma extinção em massa. No entanto, a distância foi suficiente para minimizar qualquer impacto significativo no nosso planeta.

Um artigo que descreve o estudo está hospedado no servidor de pré-impressão arXiv.org, convidando a comunidade científica a analisar e contribuir com suas descobertas.

Essa revelação pode nos fornecer uma nova perspectiva sobre os eventos celestes que moldaram o nosso mundo e, ao mesmo tempo, desafia nosso entendimento atual sobre a formação dos elementos no Universo.

Via Olhar Digital

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