quinta-feira, janeiro 9, 2025
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Justiça trava venda de termelétricas para irmãos Batista

O juiz federal do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) Ney Bello travou parcialmente nesta segunda-feira, 6, a operação de aquisição de termelétricas da Eletrobras no Amazonas pela Âmbar Energia, dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

O magistrado concedeu uma decisão em caráter liminar (ou seja, provisória) que cancela a conversão dos contratos de compra e venda de energia das termelétricas da Eletrobras para a Âmbar em Contratos de Energia de Reserva (CERs). Essa conversão é fundamental para viabilizar a operação.

A decisão foi em resposta a uma ação movida pela Companhia de Gás do Amazonas (Cigás), controlada pelo governo do Estado e pela empresa privada Termogás, do empresário Carlos Suarez.

O juiz determinou que a Âmbar só vai poder concluir a conversão dos contratos com a anuência prévia da empresa amazonense. O pedido foi apresentado em 3 de janeiro deste ano, com representação do ex-presidente Michel Temer, que agora atua como advogado da Cigás.

Ao atender ao pedido, Ney Bello criticou a venda das termelétricas.

“Observo facilmente que a complexa operação do mercado de energia – e da cadeia de fornecimento para o Estado do Amazonas – pode ser compreendida minimamente, ao ponto de se entenderem as razões pelas quais há fundamental risco para consumidores e para a sociedade como um todo por força da intervenção judicial nos contratos celebrados anteriormente”, disse o magistrado na decisão.

Ele acrescenta que, encerrado o recesso forense, os autos do processo devem ser enviados à presidência do TRF-1, “órgão competente para decidir o mérito e as questões incidentais a este pedido”.

A decisão pode trazer implicações significativas para a negociação de compra das termelétricas e para os planos futuros da Âmbar de adquirir a distribuidora Amazonas Energia.

Em seu despacho, o juiz destacou o impacto da operação sobre a cadeia de fornecimento de energia no Amazonas, que depende do gás natural extraído pela Petrobras e distribuído pela Cigás para as termelétricas, que abastecem o Estado por meio da Amazonas Energia.

“Logicamente há interligação entre os atos aqui questionados e o bem-estar do consumidor final”, afirma o magistrado. “Por esta razão, há estreita ligação entre as cadeias de suprimento de gás natural e de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica para a comunidade como um todo.”

Compra de termelétrica pelos irmãos Batista pode aumentar conta de luz

Ney Bello se refere à medida provisória (MP) editada logo depois o anúncio da compra das termelétricas pela Âmbar. A MP, segundo especialistas, teria favorecido a empresa, embora a Âmbar negue.

O juiz argumentou indiretamente que a decisão poderia resultar em custos adicionais para os consumidores, caso os contratos entre as termelétricas com a Cigás não fossem resolvidos previamente.

A Cigás, em carta enviada à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), demonstrou preocupação com a operação, sob o argumento de que a Eletrobras possui passivos judiciais estimados em R$ 50 bilhões com a Cigás e a Petrobras. A distribuidora teme que a saída da Eletrobras da região torne a cobrança dessas dívidas ainda mais difícil.

A petição de Michel Temer, acatada por Ney Bello, revelou que a não resolução dos passivos judiciais pode levar ao aumento das tarifas de energia para os consumidores.

Via Revista Oeste

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