A Justiça de São Paulo condenou a rede de televisão Record por “ridicularizar” um fã da cantora Ivete Sangalo. O tribunal também determinou que a emissora pague uma multa de R$ 30 mil ao autor da ação.
Em 2018, um rapaz concedeu uma entrevista ao programa Vida de Fã, do Jornal da Record, na qual falou sobre sua admiração pela cantora Ivete Sangalo. Ele afirma que a entrevista foi “respeitosa, descontraída e oportuna”.
Cinco anos depois, a Record cedeu as mídias da entrevista ao programa Fala que Eu Te Escuto, da Igreja Universal do Reino de Deus, transmitido pela mesma emissora. No entanto, a rede televisiva não consultou o rapaz sobre a reexibição de suas imagens.
Na ocasião, bispos e pastores debatiam se a admiração de fãs por figuras públicas estaria ligada a obsessão, carência, infantilidade ou simplesmente afeição.
“O autor do processo foi extremamente ridicularizado”, informou a defesa do rapaz. “Os telespectadores emitiam críticas extremamente pesadas sobre os fãs, enquanto suas fotos eram exibidas na tela. Ao final, os pastores ainda fizeram uma grande pregação contra os fãs, colocando-os como grandes pecadores.”
O que alega a Record
A Record afirma não ser responsável pela exibição da Universal. Ela pondera que apenas comercializou a transmissão. A emissora ainda afirma que o rapaz “exagera” em suas alegações.
“A matéria objeto desta demanda tratou do comportamento de fãs que superam todos os obstáculos para acompanhar e ficar ao lado de seus ídolos, sendo que a matéria teve como objetivo trazer ao debate público este tipo de comportamento”, declarou a Record.
Em contrapartida, Vitor Kümpel, desembargador do Tribunal de Justiça, argumenta que “o programa vinculou tal comportamento a características negativas, realizando, inclusive, enquetes para votação se essa conduta poderia ser reputada como infantilidade, carência ou admiração”.
Além disso, Kümpel elencou que, “mesmo com a autorização do autor do processo para utilização da primeira entrevista em 2018, caberia à Record realizar o pedido de nova autorização cinco anos depois”.