Depois de três anos de julgamento, a Justiça italiana condenou 207 mafiosos e colaboradores da ‘Ndrangheta, grupo criminoso que atua na região da Calábria, no sul da Itália.
Houve 131 absolvições no mesmo processo. A decisão da segunda-feira 20 marcou um duro golpe no maior grupo do crime organizado italiano.
A acusação tinha solicitado um total de quase 5 mil anos de prisão contra os réus e os seus cúmplices de “colarinho branco”, funcionários públicos, funcionários eleitos locais e até agentes policiais de alta patente.
Porém, depois de diversas deliberações realizadas, esse tempo caiu quase pela metade. As sentenças, lidas pela juíza Brigida Cavasino, variam entre alguns meses de prisão e 30 anos, pena que quatro pessoas receberam.
Um dos réus mais conhecidos, o ex-senador Giancarlo Pittelli, de 70 anos, foi condenado a 11 anos de prisão. A promotoria havia solicitado 17 anos. O ex-parlamentar e advogado é apontado como um negociador da máfia.
Leitura das sentenças
Na sessão, realizada no Tribunal de Vibo Valentia, província calabresa, a juíza leu por mais de 1h30 os nomes dos julgados e suas respectivas penas, enquanto os réus acompanhavam tudo por videoconferência, em diversas prisões espalhadas pela Itália.
Os familiares dos criminosos, que compareceram à corte, escutavam atentamente as sentenças e suspiravam de alívio a cada abrandamento da pena.
Desde janeiro de 2021, três juízes ouviram durante milhares de horas testemunhas, incluindo cerca de 50 gângsteres arrependidos que se tornaram colaboradores da Justiça, sobre as atividades da família Mancuso e seus associados, um importante clã da ‘Ndrangheta.
Luigi Mancuso (conhecido como O Supremo), de 69 anos, o chefe do grupo, será julgado separadamente.
A ‘Ndrangheta está presente em cerca de 40 países e exerce um enorme controle na sua região, infiltrando-se e corrompendo a administração.