Nesta segunda-feira, 8, a Justiça de São Paulo condenou 14 integrantes de um esquema de suborno para sabotar investigações da Polícia Federal (PF), de 2012 a 2015. Eles foram condenados por corrupção ativa e passiva, além de formação de organização criminosa.
Entre os apenados, três exerciam o cargo de delegado do órgão. Todos podem recorrer em liberdade. As penas variam de seis a 12 anos de prisão, deflagradas a partir da Operação Inversão, de 2016, em trabalho da PF com o Ministério Público Federal (MPF).
As investigações tiveram início depois de uma denúncia de uma advogada, que teria sido pressionada pelos criminosos a pagar valores em troca dos benefícios. Os investigadores descobriram a existência de uma rede de cobrança e pagamento de propinas, coordenadas a partir da Delegacia de Repressão a Crimes Previdenciários (Deleprev) da PF de São Paulo.
Os três delegados da Deleprev recebiam os subornos e, posteriormente, favoreciam os pagadores, que eram alvo da Operação Trânsito. Nela, a Deleprev investigava fraudes em perícias médicas em agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Além das prisões, a 9ª Vara Federal Criminal de São Paulo retirou os condenados de suas funções públicas.
Os alvos da Justiça
Um dono de uma consultoria previdenciária, de acordo com o MPF, era um dos principais beneficiários das irregularidades. A partir do momento em que foi identificado como chefe das ações, ele foi coagido a realizar os pagamentos que, juntos, superaram os R$ 500 mil. Em troca, ele não teve conversas monitoras, não foi interrogado e ficou fora dos pedidos de prisão.
Como já é falecido, o empresário não foi condenado pelo pagamento do suborno, mas outras quatro pessoas que buscaram o favorecimento semelhante aos dele estão entre os réus. Cada um deles pagou de R$ 10 mil a R$ 22 mil a integrantes da PF.
Intermediários levavam as quantias dos investigados, negociavam pagamentos e entregavam o dinheiro aos delegados. Todos eles estão entre os condenados. Um escrivão da PF e um funcionário terceirizado da instituição completam a lista. Eles atuaram em 2016 para remover documentos da Deleprev que poderiam incriminar os alvos futuramente. O escrivão também perdeu seu cargo público.