sexta-feira, novembro 22, 2024
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Jurassic Park? Em experimento do Google, a vida encontrou um jeito

O que aconteceria se uma determinada quantidade de dados aleatórios interagisse entre si por milhões de gerações? É o que pesquisadores do Google testaram. E o resultado foi: a vida encontrou um jeito, como diz o matemático Ian Malcolm (Jeff Goldblum) em Jurassic Park. No caso, a vida digital.

Pesquisadores do Google criam ‘sopa primordial’ digital – e a vida aparece

  • Pesquisadores do Google realizaram um experimento no qual dados aleatórios foram deixados interagindo por milhões de gerações. O estudo resultou na observação de formas de vida digital auto-replicantes, sugerindo um paralelo com a origem da vida biológica;
  • Publicadas num artigo ainda não revisado por pares, essas descobertas podem espelhar ou lançar luz sobre o surgimento da vida biológica. O experimento utilizou a linguagem de programação Brainfuck, conhecida por sua simplicidade, para facilitar a auto-replicação de programas digitais;
  • Susan Stepney, da Universidade de York, e Richard Watson, da Universidade de Southampton – ambos não envolvidos no estudo – comentaram sobre a importância e as limitações das descobertas em entrevistas à revista New Scientist. Eles destacaram que, apesar de significativas, a auto-replicação por si só não constitui vida;
  • A pesquisa propõe uma versão digital da teoria da sopa primordial, onde a interação aleatória entre “moléculas” digitais sem regras preestabelecidas levou à auto-replicação. Isso sugere mecanismos inerentes que podem permitir o surgimento da vida. Mas auto-replicação não significa vida.

A equipe diz ter testemunhado o surgimento de formas de vida digital auto-replicantes. Suas descobertas, publicadas num artigo ainda não revisado por pares, poderiam espelhar o surgimento da vida biológica no mundo real. Ou ao menos lançar alguma luz sobre esse processo.

Experimento do Google pode ajudar a explicar a origem da vida

Para Susan Stepney, da Universidade de York, no Reino Unido, “conseguir evoluir programas auto-replicantes a partir de pontos de partida aleatórios é uma grande conquista”, conforme disse à revista New Scientist. Ela não participou do estudo do Google.

Este é definitivamente um grande passo em direção à compreensão de rotas potenciais para a origem da vida, aqui em um meio bastante distante do ‘hardware’ padrão da biologia.

Susan Stepney, da Universidade de York (Reino Unido), para a New Scientist

Pessoa apontando e quase tocando em fileira de dados holográficas que parece correnteza de um rio
Experimento do Google com dados pode ajudar ciência a entender a origem da vida (Imagem: NicoElNino/Shutterstock)

A origem da vida na Terra ainda intriga cientistas de diversas áreas. Apesar de ainda existirem muitas perguntas sem resposta, a teoria mais aceita atualmente é a hipótese de Oparin-Haldane, também conhecida como teoria da sopa primordial.

Sopa primordial digital

A simulação de Ben Laurie, engenheiro de software do Google e coautor do estudo, é uma espécie de sopa primordial digital. Nenhuma regra foi imposta, e nenhum ímpeto foi dado aos dados aleatórios.

Para manter as coisas o mais enxutas possível, eles usaram uma linguagem de programação chamada Brainfuck. Nas palavras dos pesquisadores, ela é conhecida por seu “minimalismo obscuro”. Isso porque permite apenas duas operações matemáticas: adicionar um ou subtrair um.

Ilustração abstrata da vida surgindo de uma sopa verde com bolhas
Em experimento, pesquisadores do Google fazem uma espécie de sopa primordial digital (Imagem: Maximillian cabinet/Shutterstock)

Resumindo: eles modificaram para permitir apenas que os dados aleatórios (representando moléculas) interagissem entre si, “deixados para executar código e sobrescrever a si mesmos e aos vizinhos com base em suas instruções”.

Apesar dessas condições austeras, programas auto-replicantes foram capazes de se formar. Em última análise, a vida (digital) encontrou um jeito.

Ressalvas importantes

Laurie explicou à revista que as descobertas mostram que existem “mecanismos inerentes” que permitem a formação da vida. Mas a auto-replicação em si não é vida.

É o que aponta Richard Watson, da Universidade de Southampton, no Reino Unido – outro especialista não envolvido no estudo que foi entrevistado pela revista.

“A auto-replicação é importante, mas seria um erro acreditar que é uma solução mágica da qual tudo o que é empolgante sobre a vida segue automaticamente”, explicou Watson. Elementar, meu caro leitor?

Via Olhar Digital

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